Montadoras procuram cortar custos para investir em automação e eletrificação
O país ainda encontra dificuldades decorrentes da transição do mercado fechado para a produção de veículos para um ambiente competitivo, pois com o fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) o Brasil é colocado na ciranda global do setor automotivo.
Desde sua aparição oficial, em 1956, até o fim da década de 1980, as montadoras não se preocupavam com mudança de geração de um determinado veículo. As vendas eram menores, mas ganhavam mais no valor por unidade.
Com a abertura do mercado aos modelos importados e a chegada de novos fabricantes, esta realidade mudou e fez com que a produção local se espalhasse pelos diversos cantos do país.
Já no século 21, a indústria automobilística sofreu uma crise. Exemplo disso aconteceu em 2012, quando quase 4 milhões de veículos foram emplacados no Brasil na expectativa de venda de pelo menos 5 milhões de unidades até 2017.
O principal motivo para a derrocada foi que as montadoras possuíam capacidade para produzir, mas com a crise política e econômica do país, faltavam compradores e competitividade.
Um alto executivo do setor automobilístico assegura que todas as montadoras perderam dinheiro no Brasil nos últimos três anos. A declaração é pertinente diante do que acontece com a GM. A líder de mercado trabalha há tempos no vermelho e para não fechar de vez solicita auxílio a governos e também fecha novos contratos com sindicatos.
Este conflito marca a dificuldade em crescer no país e a maioria das fábricas necessitam de recursos vindos de suas matrizes para ainda conseguirem operar de alguma forma nacionalmente.
Parcerias globais têm sido importantes aos fabricantes para redução de custos de produção, mas por outros lados se endividam com os menos e são obrigados a cortarem o que for preciso manterem a rentabilidade. Esses procedimentos visam abater os altos investimentos em eletrificação, que é o único caminho para acatar regras antipoluição cada vez mais rigorosas.
São essas crises que desestimulam novos investimentos por parte de qualquer marca de veículos. O Brasil já teve várias fusões e parcerias entre montadoras. Porém, hoje, elas correm o risco de receber somente veículos importados não poluentes, resultado dessas alianças.
E o mercado brasileiro ainda não está pronto para lidar apenas automóveis desse tipo.
A prioridade das matrizes hoje é em relação à eletrificação que possui um mercado cada vez mais exigente. Com isso, cabe à indústria nacional desenvolver produtos locais eficazes, que atendam as propostas do programa Rota 2030 para estarem aptas a receber incentivos fiscais.
*Foto: Reprodução / Flickr – Mike Mozart