Terraço do Edifício Martinelli reabrirá com lojas e restaurantes

mirante do edifício martinelli reabrirá com lojas e restaurantes

O arranha-céu mais famoso de São Paulo comemora 90 anos em 2019 com promessa de também abrigar cafés e exposições

O primeiro arranha-céu da capital paulista vai reabrir em breve. O Edifício Martinelli voltará a ter visitas monitoradas. Além disso, o serviço contará com recepção específica e informações turísticas sobre o local construído no fim dos anos 1920.

Situado na região central da terra da garoa, o Martinelli será revitalizado pela Prefeitura de São Paulo. O objetivo é construir um observatório no mirante do edifício, assim como no Farol Santander e Terraço Itália.

Hoje, a prefeitura de São Paulo detém 38% do edifício, o que inclui a área do terraço. Por isso, a ideia é aproveitar sua vista panorâmica para abrir cafés, restaurantes, lojas e abrigar exposições exatamente nesse espaço.

OBSERVATÓRIO MARTINELLI

O “Observatório Martinelli” deve ser instalado nos três últimos andares do prédio para alavancar o potencial turístico do empreendimento. O projeto ainda deve ser oferecido à iniciativa privada, onde há uma área de 2 mil m².

Do alto do Martinelli é possível enxergar outros pontos turísticos da cidade como o Farol Santander, entre outros. Em dias ensolarados é um passeio não só para quem mora fora da capital como para seus residentes também.

Haverá uma licitação e a empresa que vencer será a responsável em executar a restauração do espaço. O projeto tem que garantir maior acessibilidade e segurança, como instalação de guarda-corpos mais altos. A intenção é manter o mirante aberto diariamente com o funcionamento de cafés, restaurantes e lojas.

A parte dos estabelecimentos comerciais na área do terraço deve ser inaugurada até o segundo semestre de 2020. O investimento total para viabilizar a restauração do prédio é de cerca de R$ 3 milhões.

HISTÓRIA DO EDIFÍCIO

O Edifício Martinelli foi erguido pelo imigrante italiano Giuseppe Martinelli, em 1929. Situado entre as ruas São Bento, Avenida São João e Líbero Badaró, Giuseppe sonhava em construir o maior prédio da América Latina.

O prédio deteve esta nomeação até a década de 40, com seus 30 andares e 105 metros de altura. Muitas pessoas na época não acreditavam que o edifício permaneceria em pé de fato. E prova disso, foi que Giuseppe e sua família se instalaram nos últimos quadro andares do arranha-céu. O italiano construiu uma verdadeira mansão no local, com 15 cômodos, quartos de hóspedes e salão de festas. Visto de cima, a residência lembrava uma autêntica vila italiana com traços que iam do barroco ao gótico.

O tom rosado de sua arquitetura chamava a atenção e recebeu o apelido de “bolo de noiva” pelo escritor Oswald de Andrade. Por muitos anos, o Martinelli ainda abrigou o cinema mais luxuoso da cidade naquela época, o Cine Rosário. E também foi endereço de um requintado hotel, bastante frequentado pela sociedade paulistana na década de 30.

foto antiga do edifício martinelli

*Foto: Arquivo

A DECADÊNCIA

A partir dos anos 60, edifício foi vendido e entrou em decadência, passando pelas mãos de uma centena de proprietários. Nesse período, longe dos tempos áureos, o Martinelli também abrigou prostíbulos e clínicas clandestinas.

O lixo acumulado por não ser mais recolhido deu lugar à montanhas de resíduos que atingiam metros de altura. Chegou a parecer um verdadeiro cortiço e diversos crimes e assassinatos foram cometidos em seu entorno. Há quem diga que o local é mal assombrado por conta disso.

O edifício foi desapropriado e passou por um processo de restauração, em 1975. A partir de 1979, já revitalizado, o Martinelli virou sede das empresas Cohab e Emurb, além de outras repartições municipais. Entre 2010 e 2017, recebeu visitas monitoradas e gratuitas. Porém, elas foram interrompidas por conta de alguns acidentes em suas instalações.

*Foto Capa: Reprodução – Ana Mello