Cada vez mais em pauta, a saúde mental tem sido aposta também de alguns empreendedores. É o caso da startup de terapia Vittude, que liga pessoas a psicólogos no universo on e offline. Recentemente, o negócio recebeu aporte do fundo de investimento Redpoint eventures no valor de R$ 4,5 milhões. O sócio da Redpoint (Gympass, Olist, Creditas), Romero Rodrigues, revela que a empresa já estava monitorando o mercado de saúde mental em busca de um parceiro que apresentasse uma boa solução e uma equipe idem, e foi assim que chegaram até a Vittude.
Starturp de terapia
O negócio voltado à terapia já tinha recebido aporte da companhia de testes psicológicos Vetor Editora. Agora, ela planeja injetar os recursos captados da Redpoint no Seed Round, que visa o aperfeiçoamento do serviço ligado ao atendimento de empresas.
Tatiana Pimenta, fundadora da Vittude, pretende ampliar a equipe de colaboradores, passando de 18 para 25 pessoas até o primeiro trimestre do ano que vem.
Para ela o fato de a empresa de fundo de investimentos ter optado em apostar na Vittude é sinal de credibilidade para a startup. Não é de hoje que a Redpoint opta por investir no setor de saúde e bem estar. Ela já realizou também um aporte para a Gympass, plataforma de acesso a academias de ginástica. Portanto, o fundo possui experiência em injetar recursos em negócios que ainda não possui um vertical corporativo. Além disso, a empresa também atua em companhias de assinatura de software.
Rodrigues explica que o principal diferencial da startup de terapia é em relação a sua preocupação com a qualidade de sua equipe de psicólogos cadastrados na plataforma.
“A maior parte das startups que querem democratizar a terapia online tendem a tornar muito barato o preço da consulta, o que limita a qualidade dos profissionais que vão estar dispostos a atender os pacientes. Como a Vittude trabalha com margem, ela consegue trazer profissionais qualificados.”
Atuação da Vittude
Criada há três anos e meio, a Vittude tem por objetivo conectar possíveis pacientes a psicólogos disponíveis. Porém, a startup de terapia recebeu uma demanda de empresas em busca de oferecer este tipo de serviço a seus funcionários.
A primeira parceria com empresas foi com a startup Resultados Digitais, de Florianópolis, em 2017. De lá para cá, a Vittude já conquistou outros nove clientes, entre os quais, a startup de tranporte 99 e o Grupo Positivo, da área de educação. Sobre isso, Pimenta ressalta:
“Nós temos mais de 100 clientes em fase de negociação e recebemos cinco novos pedidos de orçamento todos os dias.”
Ainda com uma equipe pequena para a quantidade de demanda, a própria fundadora da Vittude é quem cuida atualmente dos orçamentos vindos de empresas. E para ela, as companhias têm percebido o quão importante é cuidar da mente de seus colaboradores e ainda trazer resultados práticos na rotina da corporação. Pimenta conclui:
“Um estudo da KPMG mostra que cada dólar gasto em saúde mental gera quatro dólares em produtividade.”
De acordo com dados divulgados pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), 72% da população economicamente ativa do país apresenta níveis altos de estresse. Do total, 32% desenvolveram a síndrome de Bornout, que é um esgotamento causado pelo excesso de trabalho.
Em contrapartida, existem 357.617 psicólogos qualificados para prestar atendimento, conforme diz o Conselho Federal de Psicologia. Só na plataforma da Vittude, são 3.500 profissionais cadastrados, em mais de 200 municípios brasileiros.
Corporativo
As empresas recebem da Vittude um serviço que possibilita que os funcionários façam terapia semanalmente e de duas formas: presencial ou por vídeo, sem a necessidade de prescrição médica neste último caso. Sobre isso, a fundadora explica:
“Os planos de saúde tradicionais só reembolsam uma parte do valor gasto com terapia, e a pessoa precisa estar adoecida, não há a possibilidade de tratamento preventivo.”
Taxas
A startup de terapia cobra uma taxa por funcionário, que varia entre R$ 15 e R$ 30. O valor é calculado para cada companhia baseado no número de colaboradores, faixa etária, utilização do sinistro médico e de volumes de atestados recebidos.
No entanto, para as pequenas empresas ou as que queiram promover um serviço apenas para alguns empregados, a Vittude cobra um valor por pessoa. Pimenta conta que nesta opção, a companhia cede um crédito de terapia a cada funcionário e só paga de acordo com a utilização.
Atualmente, 15% dos colaboradores dos clientes corporativos da Vittude usam o serviço de psicoterapia regularmente. O dinheiro do aporte vindo da Redpoint deve vir para acrescentar um painel dentro de sua plataforma, na intenção de os gestores de recursos humanos poderem acompanhar a utilização e engajamento do serviço.
Futuro da startup de terapia
Para 2020, a empresa de terapia pretende expandir o atendimento corporativo e fechar contratos anuais com 30 companhias de grande porte. A fundadora também projeta um faturamento três ou quatro vezes maior para o ano que vem. Hoje, a Vittude se desenvolve a uma taxa de 20% ao mês.
Por fim, a startup aposta no desenvolvimento de uma nova ferramenta que consiga antecipar o adoecimento do paciente. Em relação a mais este serviço, Tatiana afirma:
“Está ainda em fase de ideação, mas queremos interagir com os clientes corporativos, ver seus hábitos de vida, para ajudá-los antes que adoeçam.”
Fonte: revista EXAME
*Foto: Divulgação