O Globoplay não pretende ficar de fora da era de evolução das empresas de streaming. Prova disso é que conta com estratégia para brigar por uma fatia de mercado junto às gigantes. No caso, a Netflix, que acaba de lançar nos EUA a produção “O irlandês”, com investimento de US$ 159 milhões, e a Disney, com seu serviço Disney+, que chegará ao Brasil no ano que vem, com aporte previsto de US$ 30 bilhões.
Estratégia do Globoplay
Apesar de não possuir grandes recursos como seus concorrentes, o Globoplay conta com orçamento de R$ 1 bilhão para 2020, baseado em conteúdo e tecnologias. Sobre isso, o diretor geral do canal de streaming, Erick Brêtas, afirmou à revista EXAME:
“Existe uma tendência de verticalização de conteúdo no mundo e nós vamos testar formatos e narrativas para buscar a diferenciação”.
Ele conta ainda que para o ano que vem, o Globoplay contará com 16 novas produções originais (feitas especialmente para a plataforma), em que nove foram realizadas por produtoras independentes. Os títulos “Desalma” e “Onde está meu coração” serão os lançamentos mais importantes da lista, em que ambos possuem um padrão diferenciado do veiculado na TV aberta. Brêtas ressalta que a empresa tem um plano de negócios estabelecido até 2028.
Além disso, o canal de streaming terá a estreia de sua primeira novela feita para a plataforma. Trata-se da nova fase de “Verdades Secretas”, de Walcye Carrasco, sucesso de público no final de 2015. Portanto, para pagar estes custos de produção, a maior parte dos recursos previstos para 2020 será destinada ao conteúdo do Globoplay.
Conteúdo nacional
Brêtas ainda afirmou que 80% dos espectadores da plataforma optam por assistir ao conteúdo internacional no formato dublado, o que demonstra a forma que a língua local possui.
Já em relação ao número de assinantes, o Globoplay só perde para a Netflix. A companhia brasileira revela que 25 milhões de pessoas entram em sua plataforma por mês, sendo que a parcela de pagantes aumentou 50% neste ano. Para Brêtas, o fator da língua local é forte:
“Os serviços de streaming globais vão conviver com forças locais. O diferencial da língua será importante.”
Produção de séries do Globoplay
Um dos focos do Globoplay para 2020 será a produção de séries, com o objetivo de criar uma base de fãs. Mesmo que consuma um investimento maior. Porém, as novelas também devem permanecer “sendo o produto cultural número 1 dos brasileiros”, diz Brêtas.
Para o analista da consultoria especializada Emarketer na América Latina, Matteo Ceurvels, o Globoplay possui potencial para crescer muito mais. Em sua visão, o desafio da empresa agora é o mesmo de outras marcas de streaming, a infraestrutura, aliada ainda à falta de internet no interior do país. Sobre isso, conclui que:
“A Netflix tem investido na experiência do usuário para evitar interrupções. A Globo precisa prestar atenção nessa questão, fora isso, as empresas de streaming tendem a coexistir bem”.
Brêtas confirma que a empresa já está preocupada neste sentido, e atualmente está reforçando o time da área de tecnologia, para que praticamente dobre a “capacidade de desenvolvimento”.
Outros setores
O jornalismo não ficará de fora da parte estratégica do Globoplay. O orçamento de 2020 prevê conteúdo de equipes da casa e de produtoras independentes, e de parceiros de peso, como a britânica BBC. Com isso, o conteúdo será de alta qualidade.
O esporte também deve chegar à plataforma. Porém, enfrenta um dilema dos concorrentes: o alto custo de licenciamento dos jogos.
Já no segmento infantil, o Globoplay terá três produções originais no ano que vem, além da importante parceria com o Gloob, do canal Globosat. Sobre isso, Brêtas conta:
“O conteúdo infantil acaba servindo com uma ‘cola’ que ‘gruda’ a família toda na televisão. Tem sempre alguém conectado à plataforma e, portanto, o segmento será um dos nossos pilares de crescimento”.
Estratégia de expansão Globoplay
A ampliação de estratégia do Globoplay chega num momento de modificações no grupo. Em 2018, a receita líquida com vendas, publicidade e serviços da Globo retrocedeu quase 1%, para R$ 14,6 bilhões. Já seu lucro líquido do período sofreu queda de 35%, para R$ 1,2 bilhão.
Além disso, nas últimas semanas, o conglomerado divulgou demissões, sem revelar números. De acordo, com o diretor do Globoplay, a plataforma tenta acompanhar as novas demandas do mercado.
Fonte: revista EXAME
*Foto: Divulgação / Montagem