Apesar de ser desconhecida do grande público, a startup de games brasileira Wildlife já ostenta status de unicórnio, além de estar avaliada em US$ 1,3 bilhão.
Wildlife – início
A Wildlife surgiu da sociedade dos irmãos paulistanos Victor e Arthur Lazarte, ambos formados pela escola politécnica da Universidade de São Paulo. Antes, os dois trabalharam em um banco de investimento e em uma consultoria. Porém, decidiram jogar tudo para o alto e abrirem uma empresa de jogos para celular. Nesta época, eles nem sabiam programar games precisaram aprender por meio de vídeos online.
Oito anos mais tarde e com aproximadamente 2 bilhões de downloads, os irmãos Lazarte assinaram no mês passado uma rodada de investimentos que avaliou a sturtup criada por eles em 2011, o estúdio de games Wildlife, em US$ 1,3 bilhão.
O aporte de US$ 60 bilhões, liderado pelo de investimento americano Benchmark, insere a empresa de games brasileira como a mais nova integrante de um seleto grupo: o de startups “unicórnios”, que são empresas de capital fechado avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
Novos unicórnios
Além da Wildlife, outras quatro startups brasileiras também chegaram ao seleto grupo neste ano. São elas: Loggi, Gympass, QuintoAndar e Ebanx. Antes delas, em 2018, outras companhias brasileiras também passaram a ostentar a mesma finalidade: 99, Movile, iFood e o Nubank.
Wildlife – negócios
Antes de se tornar Wildlife, até o mês de agosto deste ano, a startup atendia pelo nome de TFG (Top Free Games), e já era considerada uma das maiores companhias de games móveis do mundo, com uma equipe de 500 colaboradores e escritórios em quatro países.
Sobre isso, Victor diz que eles pretendem criar os jogos que vão marcar a atual geração.
Hoje, Victor tem 33 anos e vive na Califórnia para tocar a ampliação global da Wildlife. Já o irmão mais velho Arthur, de 35 anos, reside em São Paulo.
Antes do atual aporte, a startup contava apenas com um sócio, Brian Feinstein, do fundo Bessemer Venture Partners, com investimento secundário nos fundadores. Porém, o sucesso dos games foi ganhando maior dimensão, a ponto de Lucas Lima, diretor de operações da Wildlife, topar o cargo após falar ao telefone com o investidor Jorge Paulo Lemann, do fundo 3G Capital e maior bilionário brasileiro. Já o diretor de animação de A Era do Gelo, Carlos Saldanha, é o mentor da dupla, e Hugo Barra, vice-presidente de realidade virtual do Facebook e ex-Xiaomi e Google, também entrou como investidor na rodada de novembro.
Futuro
Os irmãos dizem que para os próximos anos, o objetivo é utilizar o novo aporte para seguir crescendo no ritmo de 80% ao ano, além de criar um braço para distribuir games de outros estúdios menores e, principalmente, contratar talentos globais.
Com quatro escritórios, sendo três deles fora do país, apenas 3% dos clientes da Wildlife estão no Brasil. A empresa sede fica em São Paulo, e os outros braços estão distribuídos nas cidades de Buenos Aires (Argentina), Dublin (Irlanda) e em São Francisco, Orange County e Palo Alto (EUA).
Tenis Clash é o mais recente lançamento da empresa e o mais baixado em mais de 100 países em sua semana de lançamento. Em seu portfólio, a Wildlife detêm sucessos, como Sniper 3D, de 2014, que antes do lançamento do Fortnite, em 2017, foi o jogo de tiros mais baixado do mundo.
Hugo Barra, que é mentor informal dos fundadores da Wildlife, explica a importância da empresa no mundo dos games:
“A Wildlife é bastante reconhecida entre os pares por sua expertise na monetização dos jogos. Em uma viagem que fizemos à China, eles mostraram o que fazem para players gigantes na indústria, e todos ficaram encantados”.
Ascensão dos smartphones
A Wildlife possui jogos de modelo freemium, ou seja, gratuitos para jogar, mas com itens pagos dentro do game. É desta forma que a startup lucra desde os primeiros anos de fundação. Além disso, ela conseguiu chamar a atenção logo no início da ascensão dos celulares e cresceu com o mercado de games móveis. Prova disso é que o diretor de tecnologia chileno Michael Mac-Vidar deixou um emprego no Vale do Silício para apostar na startup brasileira há sete anos:
“Quando começamos, ninguém pensava em jogos para celular”.
Atualmente, os jogos para celulares e tablets lucram em torno de US$ 70 bilhões ao ano (ou 45% do mercado de games, contra 18% em 2012), afirma a consultoria especializada em games Newzoo.
Fonte: revista Exame
*Foto: Divulgação