O grupo chinês XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group) quer apostar na retomada da economia brasileira neste ano. Com isso, anunciou nesta segunda-feira (6), a abertura de um banco no país, que visa o financiamento do setor de máquinas para infraestrutura.
Grupo chinês XCMG
O XCMG é considerado o sexto maior grupo global do mercado de maquinário para infraestrutura e fatura US$ 30 bilhões por ano. O banco da instituição no Brasil será a primeira unidade no mundo, nem mesmo em seu país de origem o grupo chinês conta com um banco. Além disso, a empresa é a primeira com capital 100% estrangeiro a conseguir permissão para operar junto ao Banco Central.
Sobre isso, o gerente jurídico do grupo chinês, Way Chien, afirmou:
“No Brasil, todos os nossos concorrentes possuem bancos que financiam seus clientes e fornecedores. Por isso, o grupo XCMG decidiu apostar na abertura de um banco para financiar o crescimento da indústria.”
O banco deve começar a funcionar em março e atenderá companhias chinesas, principalmente os fornecedores do conglomerado. Ela também voltará sua atenção para novas empresas chinesas que devem ser atraídas pelos leilões de concessão e privatização de estatais, que podem avançar em 2020. Todavia, o grupo chinês ainda atenderá empresas brasileiras de setores vinculados à infraestrutura, como de construção civil e mineração, que já são clientes do XCMG no Brasil.
Capital
Para tudo isso terá R$ 100 milhões de capital próprio destinado a financiamentos. A instituição financeira também quer captar recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), via Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos) e planeja encerrar 2020 com aproximadamente R$ 400 milhões em empréstimos.
O presidente do banco no país,Roberto Pontes, foi selacionado via banco Daycoval e afirmou:
“Teremos outras fontes de captação, como CDI e CDBs para pessoas jurídicas. A ideia é consolidar a operação no Brasil e expandir para outros países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, entre outros.”
Outros profissionais serão recrutados, principalmente, em bancos de montadoras.
Velho conhecido
Esta não é a primeira inserção do grupo chinês no Brasil. Em 2014, o XCMG inaugurou parque industrial enorme em Pouso Alegre (MG). É lá que será a sede do banco. Já o parque tem capacidade de montagem anual de sete mil máquinas, entre caminhões, guindastes, carregadeiras, escavadeiras, motoniveladoras e rolos compactadores.
Três anos antes, em 2011, o grupo chinês passou a estudar o mercado brasileiro e instalou sua fábrica numa área de 1 milhão de metros quadrados, com 130 mil metros de área construída, com investimento de US$ 500 milhões. Porém, em 2014 veio a crise, como relembra Way Chien:
“Quando se olhavam as estimativas para a economia brasileira eram as melhores possíveis, mas veio a crise. Hoje temos cerca de 40 mil metros para alugar.”
Justamente por isso, a companhia conseguiu aval para montar a espécie de condomínio de empresas no parque de Pouso Alegre, explica Chien:
“Temos experiência fiscal, jurídica e de operação no Brasil. Para as empresas chinesas que quiserem se instalar aqui fica mais fácil.”
América do Sul para o grupo chinês
Já o presidente global do grupo chinês, Wang Min, afirma que a América do Sul é o quarto maior mercado para o conglomerado. Só o Brasil equivale a 60% do mercado sul-americano, em que Win conluiu em seu discurso do lançamento do banco no país:
“Por isso escolhemos o país para fazer a fábrica greenfield (construída do zero). Buscamos talentos locais e integramos com as vantagens globais. Já são sete anos de construção. Com a desvalorização do real, muitas empresas fecharam ou reduzirá suas operações no país. Mas nós estamos aumentando.”
Fonte: Revista Época Negócios
*Foto: Divulgação / Gustavo Mansur/ Palácio Piratini