Startups brasileiras são analisadas por investidores de fundos de venture capital, em relação a como ficará o país no segmento de inovação pós-pandemia
As startups brasileiras estão acostumadas a unir sobrevivência à exploração de oportunidades. Essa habilidade nunca foi tão importante.
No entanto, a pandemia gerada pela covid-19 obrigou as startups a cortarem gastos e, ao mesmo tempo, buscarem novas alternativas de crescimento. Neste quesito, entram os fundos de investimentos que também necessitam de adaptação e aprendizado a fim de lidar com o portfólio de modo inteiramente digital.
O atual cenário foi desenhado durante o painel “Construindo a ponte para o capital”, realizado no evento virtual Brazil at Silicon Valley. Vários investidores de capital de risco (venture capital), com atuação no Brasil e no resto do continente americano expuseram sua opinião sobre como as startups nacionais e os fundos estão se reinventando durante o período de isolamento social. Na ocasião, participaram da conversa virtual: Hernan Kazah, sócio da Kaszek Ventures; Mariana Donangelo, investidora na Marin Ventures; Renata Quintini, diretora operacional da Renegade Partner; e Scott Sobel, sócio operador do Valor Capital Group.
Explorando as oportunidades
A vantagem do Brasil possuir um alto nível de digitalização, uma economia e uma população entre as maiores do mundo, ao mesmo tempo, vive os desafios que neste momento são uma grande oportunidade para as startups brasileiras e os fundos de venture capital, além da classe PME.
Durante o evento virtual, Hernan Kazah explicou:
“Há lacunas em setores como educação, saúde e varejo. E elas podem ser resolvidas por meio da tecnologia.”
De acordo com o sócio da Kaszek Ventures, a criação de gigantes como Loggi e Nubank é um bom exemplo de como períodos de crise proporcionaram grandes oportunidades de negócios. O executivo acredita que outras companhias de tecnologia relevantes devem aparecer no país. E ressalta que empreendedores mais capacitados e fundos de capital de risco interessados no Brasil irão estimular esse movimento.
Já Scott Sobel, do Valor Capital Group, reforça o crescimento do número de brasileiros que cursam MBA no exterior e voltam para empreender.
“Houve uma mudança geracional. Chegamos a um ponto de inflexão.”
Ecossistema de inovação
O segmento de inovação brasileiro amadureceu ao longo dos últimos anos. Porém, com a pandemia, tanto as startups brasileiras, quanto as estrangeiras sofreram um abalo. Para Mariana Donangelo, faz três meses que estamos vivendo em uma outra realidade e que a primeira preocupação dos empreendedores foi cortar despesas. Passado este momento, agora é hora de aproveitar as oportunidades que aparecerem e adotar novos canais e estratégias de marketing:
“Já podemos avançar para a próxima conversa: como atender às novas necessidades de produtos e serviços.”
E Sobel complementa que também neste momento “é preciso ter uma mentalidade mais focada no consumidor”.
Gympass
Os investidores de fundos de venture capital mencionam como um exemplo de mudança de sucesso a que foi realizada pelo unicórnio de academia Gympass, que construiu uma operação inteiramente digital após uma reestruturação de custos.
Eles ainda alertam que não se deve subestimar as oportunidades criadas a partir de uma crise econômica, como a gerada pela pandemia de covid-19 e ainda relembram o caso da Uber que foi justamente em 2008, período de uma grande crise, afirma Kazah:
“As melhores companhias são criadas em momentos de muitos desafios. É quando há menos gente caçando oportunidades e melhores condições para acelerar o crescimento dos negócios.”
Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios
*Foto: BSV/Reprodução/YouTube