Ao lado das farmácias, os supermercados jamais interromperam suas operações em meio à pandemia de Covid-19. E muitos estudam fase de crescimento na era digital. Sendo assim, o Dia aposta em marca própria, internet e franquias para expandir os negócios.
Dia aposta em marca própria
Segundo Marcelo Maia, presidente da rede Dia no Brasil, o desafio de superar a pandemia foi maior, já que tinha acabado de assumir o cargo um mês antes. Na semana passada, ao participar de um painel do Global Retail Show, promovido pela consultoria de varejo Gouvêa, ele destacou como a rede espanhola adaptou sua operação para enfrentar o atual período.
Hoje, o Dia possui quase 800 lojas e é o segundo maior mercado da rede Dia mundial, com pontos físicos no estado de São Paulo, além das capitais Belo Horizonte e Porto Alegre.
Vantagem em meio à pandemia
Entretanto, os supermercados do Dia contaram com uma vantagem em relação aos demais concorrentes. Por serem menores, os consumidores optaram por frequentarem justamente seus espaços. Nos primeiros meses da crise sanitária, a rede observou que os clientes iam menos vezes até as lojas. Porém, gastavam mais por cada compra.
Além disso, teve também uma alteração no tipo de produto procurado. Os pacotes de arroz de 5 quilos passaram a integrar o cotidiano destes consumidores.
O Dia aposta em marca própria neste momento. E também já investiu mais em produtos perecíveis, como frutas, legumes e carnes. A estratégia foi se tornar um ponto único em que o cliente pudesse realizar todas as suas compras. Sendo assim, a empresa registrou um segundo trimestre com alta de 20% nas vendas, em comparação ao mesmo período de 2019.
Além do Dia, outro grupo do setor alimentício se aventurou na pandemia. O Grupo Pão de Açúcar (GPA) decidiu manter seus planos de desinvestimentos.
Supermercado Dia na era digital
Todavia, não seria possível só com ajustes na rede física para crescer. Portanto, o Dia aprendeu com a experiência digital da rede de supermercados X5. Esta empresa conta com 16.000 lojas na Rússia, além de ser controlada pelo fundo LetterOne (controlador do Dia desde maio de 2019).
Sobre isso, Maia conta que no início da pandemia, a rede Dia firmou parcerias com aplicativos, como o iFood, para promover seus produtos no canal digital. Então, as lojas que adotaram este modelo conseguiram realizar 50% das vendas pela internet.
Integração dos canais de venda
Atualmente, a empresa foca no desenvolvimento da integração dos canais de venda. Por enquanto, o objetivo é utilizar a rede de lojas como minicentros de distribuição para o e-commerce. Já no futuro, o planejamento é contar com um ecossistema completo de alimentação no mundo digital, como o X5 possui na Rússia.
Marca própria
O Dia aposta em marca própria, que cresce a cada dia. Os produtos da rede representam hoje 25% das vendas realizadas em seus supermercados. A companhia revela que isso acontece porque utiliza os dados que possui sobre interesses de compra para guiar o desenvolvimento da fórmula e da embalagem dos produtos de marca branca.
Até o fim de 2020, terão sido lançados 1.000 novos produtos da marca Dia. A ideia é que esses produtos passem a representar entre 30% e 35% das vendas.
Franquias
Por fim, para o crescimento da rede de mercados, o terceiro pilar de planejamento está pautado em franquias. Maia afirma que os franqueados conseguem trazer para a rede um pouco dos desafios de cada uma das regiões em que atuam. Isso possibilita um melhor atendimento aos consumidores:
“As franquias são um grande diferencial competitivo da rede, já que o Brasil tem hábitos alimentares muito distintos.”
O Dia possui um modelo tradicional de franquia, ou seja, o candidato investe R$ 300 mil para montar a loja e ainda precisará comprar o estoque mínimo de produtos.
Porém, há a opção de o franqueado montar a loja sozinho e ter a loja completamente controlada pela franqueadora. Mas isso implica na redução de seu próprio lucro.
*Foto: Divulgação