Maior retirada líquida em março resultou em R$ 5,83 bilhões a mais do que os depósitos, informou o Banco Central na quarta (7)
Na quarta-feira (7), o Banco Central informou que pelo terceiro mês consecutivo, a caderneta de poupança registrou maior retirada líquida de recursos. No mês passado, os investidores retiraram R$ 5,83 bilhões a mais do que depositaram na tradicional opção de finanças pessoais.
Já em fevereiro, a retirada líquida foi de R$ 5,832 bilhões
Maior retirada líquida em quatro anos
A retirada líquida é a maior registrada para meses de março desde 2017. Naquela época, os investidores haviam sacado R$ 5 bilhões a mais do que haviam depositado.
Em março do ano passado, os brasileiros tinham depositado R$ 12,57 bilhões a mais do que tinham retirado da caderneta.
Poupança acumula retirada
Sendo assim, com o desempenho de março, a poupança acumula retirada líquida de R$ 27,54 bilhões nos três primeiros meses do ano. Portanto, esta é maior retirada acumulada para o primeiro trimestre desde o começo da série histórica, em 1995.
Por outro lado, com o até então fim do auxílio emergencial, a retirada se intensificou. Além disso, no decorrer de oito meses em 2020, a Caixa Econômica Federal depositou o benefício em contas poupança digitais, que acumulavam rendimentos se não movimentados. Com o encerramento do programa, beneficiários que eventualmente conseguiram acumular recursos nas contas poupança passaram a sacar o dinheiro.
Captações líquidas a partir de abril
Em contrapartida, há uma expectativa de que a poupança passe a registrar captações líquidas a partir de abril, por causa do retorno do auxílio emergencial. Vale lembrar que a primeira parcela do benefício, no valor de R$ 150 a R$ 375 está sendo paga ao longo deste mês.
Só em 2020, a poupança captou R$ 166,31 bilhões em recursos, o maior valor anual da série histórica. Por outro lado, fora o depósito do auxílio nas contas poupança digitais, a instabilidade no mercado de títulos públicos nas fases mais agudas da pandemia atraiu o interesse na poupança. Isso mesmo com a aplicação rendendo menos que a inflação.
Taxa Selic
Sendo assim, o rendimento de 70% da taxa Selic, a poupança rendeu somente 1,69% nos 12 meses terminados em março, afirma o BC. E no mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado prévia da inflação, atingiu 5,52%. Nesta sexta (9), o IPCA cheio de março será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Perda de rendimento
No entanto, tal perda de rendimento da poupança está associada a dois fatores. O primeiro são os juros baixos. Hoje, a taxa Selic (juros básicos da economia) está em 2,75% ao ano, após passar oito meses em 2% ao ano, no menor nível da história. Já o segundo motivo diz respeito à alta nos preços dos alimentos e do dólar, o que impacta na inflação desde o segundo semestre de 2020.
De acordo com o boletim Focus, pesquisas com instituições financeiras, divulgada pelo Banco Central, prevê que haverá em 2021 uma inflação oficial de 4,81% pelo IPCA. Diante da atual fórmula, a poupança renderia pouco menos de 2% neste ano, se a Selic permanecer em 2,75% durante todo o ano.
O rendimento pode ser um pouco maior caso o Banco Central aumente a taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária.
*Foto: Divulgação