Abrir um novo negócio após quebrar o antigo exige analisar os erros, escutar feedbacks e resolver pendências jurídicas
É bastante comum no mercado PME ver algumas empresas quebrarem e, ao mesmo tempo, seus empresários decidirem abrir um novo negócio. Entretanto, é preciso apender com os erros, escutar feedbacks, além de resolver pendências jurídicas, para seguir em frente e acertar mais na próxima empreitada. Neste artigo, você aprenderá alguns passos do que ser feito para prosperar em sua próxima empresa.
Como encerrar e abrir um novo negócio
No ano passado, em razão da pandemia, os pedidos de falência aumentaram 12,7% em comparação a 2019. Os dados são da empresa Boa Vista, que administra o SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).
Alguns casos
Após sua empresa de cursos online quebrar no início deste ano, o especialista em oratória Edgar Pereira Caetano, 40 anos, decidiu continuar a empreender. No entanto, antes de abrir um novo negócio, ele listou e avaliou as decisões que contribuíram para o encerramento do negócio. Sendo assim, ele procurou enxergar suas falhas para evitá-las em sua próxima empresa.
Apesar de sua companhia, a Best Speaker, alcançar relativo sucesso entre o fim de 2019 e início de 2020, momento em que deu treinamento em comunicação a 15 mil profissionais no mercado corporativo, mesmo assim o negócio quebrou.
Ele tentou contronar a situação com a criação de produtos online para atender determinados públicos, como médicos. Mas isso consumiu mais tempo e recursos do que o esperado:
“Diversifiquei muito e perdi o foco. A essa altura, já não tinha mais fôlego para investir em equipe e prospecção.”
Reavaliando erros
Além disso, o empresário também admite um erro na estratégia do lançamento de um curso à distância, em janeiro de 2020:
“Não precisaria ter cobrado tão pouco. Depois que você pede menos por uma coisa que pode valer mais é difícil se reposicionar.”
No total, ele estima que tenha investido R$ 200 mil na companhia.
Novo negócio – plataforma de streaming
Todos esses erros serviram para que o empreendedor desenvolvesse uma plataforma de streaming focada em comunicação. Batizada de Comunicaplay, a ferramenta deve estar pronta para rodada de captação no fim deste mês. Edgar conta com o apoio de um parceiro que domina a tecnologia necessária e não precisou utilizar recursos próprios no protótipo.
“Também esperamos contar com a experiência de investidores para ajudar a validar o negócio.”
Conheça recomendações de especialistas do setor de empreendedorismo para conseguir reavaliar competências, lidar com burocracia e ainda desenvolver um novo projeto que atenda demandas criadas pela pandemia.
Descreva seus erros
É importante reconhecer e descrever os erros do antigo negócio, afirma Wanderley Cintra Jr., psicólogo especializado em gestão e liderança. Um exemplo é um empresário que faz e vende bem comida, mas que possui dificuldade em gerir os gastos. Sendo assim, Cintra recomenda recapitular problemas no negócio minuciosamente e encontrar soluções.
Ouça feedbacks de parceiros
Saber ouvir opiniões de fornecedores, funcionários e outras pessoas que participaram da trajetória do negócio também ajuda, revela Bruna Losada, vice-reitora da Saint Paul Escola de Negócios. Ela ressalta que o empresário deve ouvir pessoas em que confie e que não tenham participado de decisões, e, se possível, consigam ter pontos de vistas diferentes para uma troca produtiva.
Plano de negócios atualizado
Este plano deve ser ágil, tanto para pequenas como grandes empresas, afirma Enio Pinto, gerente de relacionamento com o cliente do Sebrae.
Seguindo a lógica, quem quer montar uma barbearia começa cortando o cabelo dos vizinhos para antecipar e resolver problemas antes de ter uma estrutura maior. Porém, isso não quer dizer dispensar um plano de negócio organizado, diz Bruna Lousada, da Saint Paul. Empreender, afirma ela, é “um exercício de futurologia, mas é preciso ter parâmetros para encontrar desvios de rota”.
Pluralidade
Os especialistas recomendam que o empresário procure sócios e colaboradores que possuam características complementares às suas. A falta de pluralidade em empresas pode ser a ruína de muitas delas. Isso porque, sem diversidade de ideias, o empreendedor perde a capacidade de questionar más decisões.
Resolva pendências
De modo geral, não é preciso fechar uma empresa para abrir outra, diz Murillo Torelli Pinto, professor de contabilidade da Universidade Mackenzie. Ele explica, inclusive, que é possível até usar o mesmo CNPJ para outra atividade, desde que se altere o contrato social.
Mas em caso de a abertura ser necessária, o empresário pode encontrar entraves se tiver cobranças de firmas anteriores que saíram da esfera jurídica para a física (como as originárias de processos trabalhistas). Tudo isso pode criar pendências em seu CPF.
Além disso, as pendências burocráticas podem preocupar investidores do novo negócio, comenta Pedro Schaffa, professor do curso de direito para startups no Insper.
O histórico de empresas anteriores é analisado para entender o grau de risco para um negócio futuro. Isso inclui dívidas trabalhistas e tributárias.
Se pretende ser digital, busque por quem já possui a tecnologia
Entregar uma experiência digitalizada pode ser difícil para o pequeno empreendedor. Uma solução, diz Enio Pinto, é fazer parcerias com startups que desenvolvem produtos em áreas como atendimento, logística e pagamento. Consequentemente, o custo será menor, e o salário, muitas vezes, pode ser recebido proporcionalmente ao serviço ou produto vendido.
*Foto: Divulgação/Bruno Santos/Folhapress
