Cairê Moreira, designer de avatares, consultor e Under 30 2020, explica o que está por trás do desenvolvimento de personas para mundos imersivos
Desde 2020, Cairê Moreira trabalha como designer de avatares para as Lojas Renner. À época, ainda vivia uma transição analógica-digital.
Designer de avatares
Porém, hoje, com o tema metaverso em alta, o trabalho do jovem designer não só tornou-se ainda mais estratégico como está na ordem do dia, especialmente do universo da moda.
Eleito Under 30 em 2020, Cairê é responsável por desenvolver produtos 3D, narrativas imersivas de comunicação e, principalmente, testar e experimentar novas possibilidades dentro do mundo virtual. E isso tudo não só na Renner, mas também em outros projetos que investe.
Ele pode criar desde uma coleção inteira para a Rennata, influenciadora virtual da marca, ou experimentar o avanço de sua própria criação: a Princess Ai, uma avatar independente que vem sendo testada por ele desde julho de 2020.
O processo de criação do designer de avatares
Com tanta tecnologia que cresce a cada dia, o designer 3D explica o que está pro trás nas dinâmicas de criação e a necessidade de buscar propósito para os projetos:
“É importante começarmos falando de utilidade. Quando entendemos para que serve ou que problema queremos resolver com a criação de uma nova solução, conseguimos dar um sentido e usabilidade com maior clareza. Desta forma, devemos pensar que o Avatar pode ser criado para finalidades distintas.”
Influenciador
Por outro lado, dentre as tantas possibilidades deste universo, estão um influenciador, como é a Lu Magazine Luiza, modelos virtuais como a Satiko, da Sabrina Satos, e muitas outras. Sobre isso, Cairê enfatiza.
“Neste caso, o processo é iniciado com o time de marketing definindo o perfil do personagem e, em seguida, criando os calendários de conteúdo do avatar, resultando em um briefing que dá o direcionamento criativo das ações, looks e cenários. Com isso, partimos para o desenho do esboço, a fim de direcionar o desenvolvimento em 3D.”
Avatar no metaverso
O designer reforça que com o conceito de metaverso em alta, é normal que cada vez mais se pense em avatares ou criação para esses universos:
“O metaverso é uma evolução e expansão da experiência digital onde vamos nos relacionar com outras pessoas. Quando pensamos em relacionamentos, caímos em conceitos básicos como: Como eu me identifico neste mundo? Como me expresso neste mundo? Então, seja metaverso como imaginamos hoje, ou o desdobramento de como ele será no futuro, a identidade e a expressão serão inevitáveis, pois precisamos disso para nos relacionarmos.”
Tendência de médio e longo prazo
Cairê revela ainda que há a tendência de médio e longo prazo. E neste contexto, os mundos digitais serão cada vez mais focados em expansão de escala e melhorias de imersão. Isso porque eles existem há muito tempo no segmento dos games:
“As evoluções, a meu ver, são: expansão de público para não gamers, que consomem atualmente redes sociais; interoperabilidade entre jogos/mundos digitais, viabilizando a troca de assets e até mesmo uso do mesmo avatar em mundos diferentes; melhoria dos equipamentos de conexão humano e digital como óculos de realidade virtual; aumento de hardware que nos permita ter os cinco sentidos no mundo digital e, por último, evolução de infraestrutura e computação para que tudo isso funcione bem.”
O que são avatares?
Por fim, em outras palavras, avatares são influenciadores digitais que assumem formas humanas. E eles vêm sendo utilizados há alguns anos como forma de interação e engajamento.
Um exemplo claro no Brasil é a Lu, do Magazine Luiza, que está na vanguarda de uma série de outros personagens que vieram posteriormente. Recentemente, em novembro, a apresentadora Sabrina Sato lançou a Satiko, extensão de sua persona real, mas em formato virtual.
Lá fora, Lil Miquela, que aposta no ultrarrealismo, também se tornou uma personagem conhecida. Nos últimos meses, com a popularização do metaverso e o aumento nos casos de marcas envolvendo interações virtuais, o termo ganhou ainda mais força.
Por outro lado, na China, o conceito de avatar foi substituído pelo de meta-humano. O que segundo Vicente Martin, game designer e professor do curso de Sistemas de Informação da ESPM, é a mesma premissa de tecnologia, porém, com algumas diferenças de contexto e aplicações.
*Foto: Reprodução/Criação Cairê