Gustavo Menelau: A Síndrome do intestino irritável não tem cura

Gustavo Menelau a síndrome do intestino irritável não tem cura

Síndrome do Intestino Irritável pode provocar fortes dores e desconforto abdominal, além de estar associada ao estresse e ansiedade comenta o médico-cirurgião Gustavo Menelau

Quando uma pessoa sente que a digestão não vai bem, sente um desconforto abdominal e ainda ter uma diarreia, acaba pensando que pode ter comido algo que não caiu bem apenas. Entretanto, se estes sintomas persistirem e evoluírem para dores intensas e que reduz a qualidade de vida, pode ser um sinal de Síndrome do Intestino Irritável (SII).

Síndrome do Intestino Irritável – o que é

De acordo com o médico Gustavo Menelau, “a síndrome do intestino irritável é uma doença que afeta os intestinos grosso e delgado e que exige acompanhamento médico no longo prazo”.

O especialista diz também que as paredes dos intestinos são revestidas com músculos que se contraem e relaxam conforme o alimento ingerido passa do estômago em direção ao reto. Além disso, a SII provoca contrações mais fortes e que podem durar mais tempo que o habitual.

Causas

Já para o Dr. Daniel de Paula, a causa da síndrome não está perfeitamente definida. Porém, sabe-se que está associada ao estresse e ansiedade. Por outro lado, há também a possibilidade de hiperssensibilidade do intestino. Neste caso, ela é agravada pelo consumo de alguns alimentos, mas o mais provável é que seja um distúrbio multifatorial, ressalta o médico.

Contudo, a SII pode ser desencadeada de forma genética, destaca o nutricionista e professor Filipe Brito. Ele explica que o paciente que tem predisposição genética, atrelada a um estilo de vida com poucas horas de sono, muito estresse e alimentação gordurosa, pode gerar a alteração na estrutura  do trato gastrointestinal e reduzir a saúde dessa região.

Sintomas mais comuns

Dr. Gustavo Menelau comenta que devido a contração mais intensa dos músculos da parede intestinal na SII, faz com que alguns sintomas apareçam, como dor abdominal, gases, flatulência, sensação de inchaço e diarreia. Mas pode ser que aconteça o oposto, com contrações intestinais mais fracas que o normal, o que retarda a passagem de alimentos e leva a fezes mais endurecidas.

Entre os sintomas mais comuns da Síndrome do Intestino Irritável estão:

  • Dor abdominal;
  • Distenção abdominal;
  • Alterações nas fezes;
  • Alteração no hábito intestinal, variando entre constipação (prisão de ventre) e diarréia;
  • Estufamento;
  • Empachamento.

Aqui, vale destacar que quando a SII é causada por estresse e ansiedade, geralmente, melhoram após a evacuação.

Diagnóstico da Síndrome do Intestino Irritável

É o médico gastroenterologista quem realiza o diagnóstico da Síndrome do Intestino Irritável. E é ‘normal’ que diversos exames não apresentem mudança na região gastrointestinal. Dr. Daniel indica ainda que não há um exame específico para a comprovação da síndrome. Porém, exames de imagem e laboratoriais são importantes para excluir outras doenças.

Tratamento

É importante saber que a Síndrome do Intestino Irritável não possui cura. Por outro lado, é possível aliviar os sintomas e fazer um tratamento que reduza as crises e dores, até o ponto em que o paciente possa retomar a qualidade de vida.

Daniel de Paula elenca três fatores essenciais para o tratamento efetivo da SII: medicamentos, cuidados com a saúde mental e uma dieta equilibrada e adaptada para cada paciente.

“Os medicamentos passam por antiespasmósdicos, para diminuir a contratilidade do intestino; probióticos, para reequilibrar a flora intestinal; e até psicoterápicos, para tratar ansiedade e depressão.”

Também deve haver o acompanhamento de um psicólogo e a prática de exercícios físicos ou atividades como ioga e meditação, para ajudar nos quadros de ansiedade e depressão, e controlar a Síndrome do Intestino Irritável.

Alimentação

Em primeiro lugar, é preciso saber o que não se deve comer para não desencadear a SII. Isso porque os pacientes possuem sensibilidade a alguns alimentos que, quando ingeridos, provocam a piora dos sintomas por conta da dificuldade digestiva e alteração da microbiota – nome dado ao conjunto de bactérias benéficas naturalmente presentes no trato gastrointestinal, pontua Filipe Brito.

Sendo assim, o grupo de substâncias não recomendadas às pessoas com a síndrome é chamado de FODMAPs, sigla em inglês para Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis Fermentáveis, encontrados em diversos alimentos e produtos alimentícios.

Gustavo Menelau a síndrome do intestino irritável não tem cura - Alimentação

Alimentos ricos em FODMAPs que devem ser evitados por pacientes com a síndrome, estão itens como:

  • Maçã;
  • Abacate;
  • Mel;
  • Alho;
  • Cebola;
  • Couve-flor.

Entretanto, Brito reforça que deve-se evitar os alimentos ultraprocessados por conterem muito açúcar e farinha de trigo na composição – dois ingredientes ricos em FODMAPs.

De acordo com o nutricionista, em pacientes com quadros leves, a melhora da alimentação, com a redução dessas substâncias e de itens como pães, massas e café, é possível controlar os sintomas e ter uma boa evolução.

Dieta Low FODMAP

Hoje, o que tem de mais efetivo em Síndrome do Intestino Irritável é a dieta Low FODMAP, atesta o especialista.  A dieta, na abordagem completa, é dividida em três fases e classificada como terapêutica, explica Brito. Essa rotina alimentar deve ter uma data definida de início e de fim, diferente do que ocorre com dietas de estilo de vida, recomendadas para pacientes diabéticos ou celíacos, por exemplo, e que devem ser seguidas por toda a vida.

Primeira fase

A primeira fase dessa dieta geralmente dura de 30 a 60 dias e compreende a fase de restrição alimentar, afirma o nutricionista.

“Retiramos os alimentos ricos em FODMAPs, e mostramos ao paciente que ele pode ter uma alimentação variada, mesmo sem esses itens. Normalmente, dentro de 30 dias, ele consegue reduzir bastante a intensidade dos sintomas.”

Mas, em paralelo ao cronograma alimentar, o paciente recebe ainda nesta fase da dieta uma suplementação com probióticos e nutrientes para repor substâncias não absorvidas corretamente pelo organismo e auxiliar na retomada do equilíbrio do intestino.

Segunda fase

A segunda fase compreende os testes ou desafios. Isso porque o paciente segue um protocolo para testar cada tipo de FODMAP. Com isso, ele constata o nível de sensibilidade para cada um deles. O consumo de cada grupo de substância ocorre por três dias, e os sintomas vão sendo registrados em uma espécie de diário. O profissional destaca que essa etapa, realizada num período de quase 60 dias, não provoca sofrimento no paciente, uma vez que os sintomas são cuidadosamente monitorados.

Terceira Fase

Por fim, a fase final da dieta Low FODMAP é elencar os grupos de substâncias às quais o paciente é mais ou menos tolerante, e adequar o consumo de frequência delas em uma rotina alimentar saudável.

Ou seja, você aprende a conviver com a doença, além de fazer melhores escolhas, afirma Felipe Brito.

“Com o tempo e a melhoria digestiva, muitas vezes, a longo prazo, o paciente consegue até ter uma boa digestão desses grupos de alimentos.”

Gustavo Menelau diz que Alimentação saudável é a chave

A principal forma para evitar síndrome do intestino irritável é manter um estilo de vida saudável, longe de vícios e da má alimentação. Evite álcool, cigarro e drogas recreativas, bem como alimentos gordurosos, bebidas gaseificadas e consumo excessivo de cafeína, acrescenta Gustavo Menelau.