Mercado segue cauteloso sobre economia em 2024

Mercado segue cauteloso sobre economia em 2024

Mercado segue cauteloso, segundo CFO que analisa economia brasileira em 2023 junto às previsões gerais para 2024

O final de 2023 traz motivos de sobra para festejos extras para quem observa a economia brasileira.

Superando as previsões, o Brasil deve ficar entre as 9 maiores economias do mundo ainda este ano, de acordo com projeções do FMI. Após revisão no PIB brasileiro, estimado em US$ 2,13 trilhões em 2023, o país ultrapassa o Canadá, com PIB previsto de US$ 2,12 trilhões e fecha o crescimento de 2,1% para 3,1%.

Além disso, com a taxa de desemprego em queda, crescimento da atividade econômica e inflação mais baixa, o ano de 2023 deixa um gostinho de quem imaginava um ano atribulado.

Mercado segue cauteloso em 2024

No entanto, apesar desses dados positivos, o mercado segue cauteloso em 2024. Pelo menos é o que diz a Confederação Nacional da Indústria.

Avaliando que o PIB atual foi construído sobre fatores conjunturais excepcionais, como o expressivo crescimento do PIB da agropecuária, e com queda dos investimentos produtivos, a CNI prevê para o próximo ano expansão da economia brasileira de apenas 1,7%.

Inflação e Juros

A inflação ainda persiste, porém, com o IPCA em 3,9% ao fim de 2024, o cenário aumenta o espaço para cortes da Selic, que deve terminar 2024 em 9,25% ao ano.

Investimentos Produtivos

A taxa de investimento – a relação entre a formação bruta de capital fixo e o PIB – deve cair para 18,1%, ante 19,3%, em 2022. O investimento deve recuar 3,5%, impedindo um melhor desempenho nos próximos anos. Portanto, o Brasil precisa de uma estratégia de médio e longo prazo para sustentar taxas de investimento iguais ou superiores a 20% do PIB.

Mercado de Trabalho

A expectativa para o próximo ano é de que o mercado de trabalho não deverá repetir o crescimento de 2023. A previsão é de alta de 2,9% na massa salarial em 2024 ante a alta de 6,4% neste ano. Isso porque a projeção é de crescimento menor do número de pessoas ocupadas, efeito colateral da política monetária de juros altos.

Cenário Internacional

Por sua vez, o cenário econômico internacional exige cautela, o que contém os ímpetos de prever aumentos históricos no saldo positivo da balança comercial. Neste ano, o saldo recorde foi em razão dos volumes de produtos agropecuários, sobretudo soja e milho, e da indústria extrativa, petróleo e minério de ferro.

Setor Agropecuário

O setor agropecuário foi beneficiado pela redução relevante dos custos de produção, aliada à safra recorde, além de um setor externo que apresentou oportunidades e permitiu a conquista de novos mercados. Sendo assim, a expectativa é de que o PIB agropecuário encerre 2023 com alta de 15,1%. No entanto, esse mesmo cenário não deve se repetir no próximo ano. A previsão é de redução na safra de 2024 frente a de 2023, com crescimento de 0,2% do PIB do setor.

Ramo da Indústria

A indústria de transformação e a da construção deverão ter altas modestas, de 0,3% e 0,7%, respectivamente em 2024, e devem compensar as quedas deste ano. A indústria de transformação encerrará 2023 com queda de 0,7% e a indústria da construção vai recuar 0,6%, depois de dois anos de forte crescimento.

Setor Varejista

Por meio do ranking das 300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro 2023, o faturamento dos maiores varejistas do país teve crescimento (sem considerar a inflação) de 19,9% em 2022, contra 14,1% do varejo como um todo, segundo o IBGE. Todavia, o setor varejista enfrenta um modelo desafiador frente ao cenário macroeconômico nacional e global. E apesar dos índices em alta, algumas medidas do Governo, como a reforma tributária, pode trazer impactos significativos, uma vez que o setor é bastante exposto a benefícios fiscais, sobretudo atrelados ao ICMS, como também à Lei do Bem, à Lei da Moda e à Sudene, que poderão ser reduzidos com a implementação de um imposto único.

Vida Familiar

A mais recente pesquisa Radar Febraban sinaliza o otimismo do brasileiro com a chegada do ano novo. Em relação à sua vida e da família em 2024, a perspectiva de melhora é elevada (74%), mesmo número de dezembro/2022. As pessoas que não enxergam mudanças passaram de 11% para 14%, enquanto os que creem em piora oscilaram de 10% para 9%. A parcela daqueles que declararam melhoria de vida em 2023 subiu três pontos na comparação com dezembro de 2022 (de 43% para 46%).

A espera de um ano melhor

Sete em cada 10 brasileiros esperam um 2024 melhor, segundo a Pesquisa Datafolha realizada no início de dezembro. Contudo, ao que parece, a polarização política que caracterizou a eleição presidencial transbordou para a esfera econômica. Isso tudo resultou em uma nítida discrepância nas expectativas em relação ao desempenho econômico em 2024 e ao próprio bem-estar financeiro futuro dependendo da filiação ou simpatia política.

O levantamento revela ainda que, na população como um todo, a possibilidade de aumento da inflação ainda preocupa a maioria (51%), porém, que houve diminuição do pessimismo em relação ao desemprego: em pouco mais de três meses caiu de 46% para 39% o total dos que acham que ele pode aumentar.

Por fim, mesmo que os atores econômicos demonstrem cautela sobre 2024, segundo o CFO Marcelo de Sá é CFO do Grupo Petrópolis, é importante reconhecer que atravessamos este ano e saímos mais fortes, inclusive com uma reforma tributária das mais robustas aprovadas em algum tempo. mesmo assim, ainda há muito caminho a percorrer para que o Brasil se atinja uma posição de maior destaque.

*Foto: Reprodução/br.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-mercado-de-acoes-gradiente_20289170