André Passos, fotógrafo, revela o poder criativo da fotografia de moda

André Passos fotógrafo revela o poder criativo da fotografia de moda

Com publicações nas revistas Vogue e Harper’s Bazaar, o especialista compartilha como esse estilo aprimorou suas técnicas e refinou seus retratos autorais

As primeiras fotografias de moda surgiram no começo do século XX. Antes disso, revistas renomadas como a Vogue utilizavam ilustrações para demonstrar os produtos. A primeira foto colorida desse gênero também saiu na mesma publicação e foi registrada por Edward Steichen em 1932.

A partir de 1930, esse estilo ganhou uma linguagem própria, tornando-se uma forma de expressão artística distinta. Até os anos 1960, as modelos contratadas não eram celebridades, mas, com a popularização do gênero visual, modelos importantes e outros famosos passaram a fazer parte dos editoriais de moda.

Fotógrafos pioneiros do estilo e nomes que se destacam até hoje utilizam essa abordagem para ultrapassar o simples registro de roupas. Há muitas décadas, os retratistas entendem o potencial criativo da fotografia de moda, experimentando tipos de iluminação, técnicas de câmera e composições capazes de contar histórias.

Fotografia de moda para refinar técnicas

André Passos é fotógrafo e, por muitas décadas, trabalhou em revistas importantes que remontam à história da fotografia de moda. A partir de uma abordagem diversificada, que transita entre moda e lifestyle, ele reúne recursos para transmitir recortes de uma época e captar a essência dos modelos.

Sua experiência em registrar celebridades refinou seu olhar estético, direcionando-o naturalmente para os retratos. Ao captar pessoas, o fotógrafo conseguiu inovar também os seus registros corporativos, que não desempenham apenas uma função comercial, comunicam ainda narrativas únicas por meio de uma abordagem artística.

A importância do imprevisto

Por mais construída que a fotografia de moda possa parecer, os retratos mais memoráveis surgem a partir da captação da casualidade. Saber registrar os imprevistos e a personalidade do modelo é o que amplia a função comercial do retrato, transformando-o em um reflexo dos padrões estéticos e culturais de uma época.

O fotógrafo André Passos também reflete sobre a importância do repertório e de saber transitar por diferentes estilos. Foi absorvendo referências culturais por onde passou que ele inseriu elementos autorais em suas fotos. As técnicas também são essenciais: em estúdios ou cenários controlados, é possível treinar um olhar múltiplo.

Técnicas da fotografia de moda

Na maioria das vezes, a fotografia de moda é realizada em estúdio e exige o planejamento de diversos fatores. Modelos experientes ou celebridades de renome são frequentemente escolhidos para esse tipo de ensaio, pois precisam interpretar a direção do fotógrafo com precisão, ajustando poses e ângulos conforme necessário.

Outro elemento essencial é a definição do clima da sessão, que pode ser criado por meio de uma iluminação diferenciada ou dramática. Geralmente, a atmosfera do retrato é estabelecida por esse recurso. Uma luz natural suave, por exemplo, pode criar um ambiente sereno, enquanto uma iluminação dramática de alto contraste destaca detalhes e proporciona um visual impactante.

Os enquadramentos utilizados na fotografia de moda também podem ser adaptados para a construção de outras narrativas visuais. As cores, o preenchimento do quadro e outros elementos devem ser cuidadosamente considerados. Um plano mais fechado destaca os detalhes de uma peça, por exemplo, enquanto um plano aberto consegue contextualizar o modelo dentro de um cenário amplo.

Sobre a composição das fotos

Na arte, definir regras pode ser um risco, pois a espontaneidade tem um papel importante em diversos tipos de fotografia. Porém, conhecer as boas práticas indica caminhos mais assertivos, abrindo espaço para a criatividade. A fotografia de moda permite experimentação, e o feeling do profissional ajuda a transmitir o sentimento de uma cena.

Entre as técnicas de composição mais importantes, a regra dos terços sugere dividir a imagem em nove partes com duas linhas horizontais e duas verticais imaginárias, posicionando o modelo nos pontos de interseção para criar um equilíbrio visual agradável. O uso das linhas guia, que podem ser naturais, como ruas ou paredes, também ajuda a direcionar o olhar do espectador até o modelo em destaque.

A simetria ou mesmo a assimetria são ferramentas poderosas na fotografia de moda. A primeira tende a transmitir harmonia e sofisticação, enquanto a segunda cria dinamismo e um efeito mais moderno. O uso da profundidade de campo também é importante: ao desfocar o fundo, por exemplo, o fotógrafo coloca o modelo em destaque, enquanto uma profundidade maior integra o ambiente à narrativa visual.

Por fim, não apenas a fotografia de moda, mas os retratos em geral precisam revelar uma história. A composição deve refletir algo sobre o modelo, criando uma conexão com o público. As técnicas funcionam como diretrizes, mas a experimentação e outros elementos subjetivos são fundamentais para transmitir estéticas e mensagens eficazes.