Para cofundador da Vtex, Mariano Gomide, as lojas físicas se adaptaram ao digital em um curto período de tempo e a tendência deve seguir após a contenção da pandemia do novo coronavírus
Com o período de isolamento social imposto pelo governo federal, muitas lojas físicas tiveram que fechar em todo o país e passaram a funcionar de modo online em um tempo recorde. Para o cofundador e co-CEO da Vtex, empresa brasileira de comércio eletrônico, Mariano Gomide, as companhias foram obrigadas a se adaptar em poucos dias a um processo de digitalização, que poderia levar até cinco anos para ocorrer. Ele afirmou ao editor da revista EXAME, Filipe Serrano que:
“Oportunidades de digitalização de lojas poderiam ter existido sem a crise. Mas algumas empresas tiveram de se adequar rapidamente a um processo que normalmente levaria cinco anos, o que mostra a capacidade de reação da crise do empreendedor brasileiro.”
O CEO também diz que os empresários brasileiros possuem grande resiliência para lidar com crises e se mostram bastante criativos:
“Países que nunca tinham vivenciado uma crise como essa estão congelados. A crise para esses empreendedores não é algo normal. O Brasil é campeão de crises e os empreendedores brasileiros podem dar um show nesse momento. A Ri Happy, por exemplo, ficou sem lojas do dia para a noite, sendo que 90% da receita vinha de lojas físicas. Em três dias, transformaram as lojas em centros de distribuição para vender e isso funcionou.”
Lojas físicas se adaptaram ao digital
Uma pesquisa da Vtex revelou que as companhias que se prepararam para crises e reagiram logo conseguiram crescer até 300%. No entanto, outras empresas do mesmo setor cresceram somente 20%.
Com a pandemia do novo coronavírus, as empresas terão chances de contar com canais de comércio eletrônico melhores e poderão realizar vendas colaborativas, utilizando a tecnologia a seu favor:
“Uma empresa da Romênia chamada Miniprix era uma grande loja de moda. Esse setor despencou com a quarentena. Em três dias, a empresa se integrou com outra do setor de suprimentos alimentícios e passou a vender esses produtos. Com isso, voltaram a vender muito.”
Ele ainda ressaltou que haverá uma maior adoção de cartões de crédito e carteiras digitais por parte dos consumidores e melhor preparo dos negócios para vendas pela internet:
“O toque pode mudar, por exemplo, no uso de uma maquininha de pagamento, porque a preocupação com a higiene será maior após a contenção da pandemia. Isso levará à digitalização das lojas físicas, com aplicativos de pagamento e recibos digitalizados.”
Em relação às reuniões de conselhos de empresas de e-commerce, elas serão feitas online com maior frequência, pois o momento pede dedicação total da operação de lojas online. Para Mariano, “o empresário de e-commerce que não está trabalhando 16 horas por dia terá menos chances de sobreviver à crise. Isso não é saudável, mas estamos em uma fase de guerra”.
Shoppings centers e delivery
No caso dos shoppings centers, eles terão de se adequar e deixar de depender somente das vendas em lojas físicas e enxergar o comércio digital como concorrente. Para o executivo, os shoppings poderão sobreviver à pandemia como serviços de compras, conectados a lojas digitais.
Em meio à quarentena, as pessoas passaram a depender mais dos serviços de entrega, via transportadoras e motoboys. Os pedidos vão desde alimentos até farmácias ou qualquer outro tipo de produto vendido pela internet.
Para o ano que vem, Gomide acredita que os esforços de agora refletirão em maior emissão de cartões de crédito que podem trazer resultados positivos ao mercado brasileiro e no restante do mundo:
“México, Brasil e países do Leste Europeu serão os mais beneficiados após essa crise e poderão ser novos centros de serviços do mundo.”
Fonte: revista EXAME
*Foto: Divulgação