Inovação faz companhias do tipo spin-off, que são aquelas que nascem dentro de outras empresas, conseguirem atender demandas do consumidor de forma mais rápida
Empresas que nascem dentro de outras empresas têm crescido cada vez mais no país. Chamadas de spin-off (sub-produto em inglês), o termo se popularizou nos últimos anos graças a séries de televisão. Um exemplo disso é a série norte-americana “Better Call Saul”, em que seu protagonista fez muito sucesso a partir de “Breaking Bad”.
Spin-off no Brasil
No Brasil e no mundo dos negócios, um exemplo de spin-off é a Smiles, programa de fidelidade da linha aérea Gol que, em 2013, se tornou uma empresa independente.
Atualmente, os meios digitais no ambiente corporativo estão se tornando em uma tendência de mercado. Empresas tradicionais têm deslocado parte de suas equipes para o desenvolvimento de projetos inovadores. Quando estes dão certo, estão aptos a trilhar o próprio caminho.
Esta independência possibilita que essas novas spin-offs ofertem soluções mais rápidas em vista dos anseios dos consumidores em relação a produtos e serviços que fogem da alçada da empresa-mãe, conforme afirma o mentor da Endeavor, Antonio Serrano. E quem também concorda com ele é o gerente de inovação do Sebrae-SP, Guilherme Arradi, que acredita que “as spin-offs devem crescer nos próximos anos”, diz Guilherme Arradi, gerente de inovação do Sebrae-SP.
Na prática
A partir de uma franquia de O Boticário nasceu a spin-off de gestão financeira F360º, dos sócios Henrique Carbonell e Luiz Saouda. Carbonell já possuía algumas unidades da empresa de cosméticos e, ao mesmo tempo, encontrava dificuldades para gerenciá-las.
Foi aí que entrou a expertise de Saouda como programador, que acompanhou a rotina do empresário por um ano e criou uma plataforma que alia os processos financeiros de uma franquia.
Os dois enxergaram nesta plataforma uma ferramenta de um novo negócio e em 2013 a F360º foi inaugurada de fato. Hoje, a spin-off atende 180 marcas em todo o país e também é parceria de O Boticário, como fornecedora do software de gestão financeira a aproximadamente 85% dos franqueados da rede, com mensalidades e taxas de implementação bastante atraentes.
Em 2019, a empresa faturou R$ 8 milhões e neste ano deve sobrar de tamanho, conforme prevê Carbonell, que também administra 18 unidades de O Boticário.
Spin-off de monitoramento
Outro caso de sucesso de uma spin-off brasileira é a WebGlobal, do empresário Maurício Cardoso. Ele deixou o cargo de diretor da empresa de e-commerce WebContinental para apostar em uma nova empreitada. A WebGlobal está na ativa desde 2011, oferecendo tecnologia para monitoramento do mercado online, após Cardoso ter tido dificuldades em mapear a concorrência da WebContinental.
Com investimento inicial em torno de R$ 200 mil, todo bancado por ele e seu sócio, cinco anos depois, Cardoso se separou da companhia-mãe para arriscar no produto derivado.
A decisão foi tomada em virtude do potencial de crescimento no setor. No ano passado, a WebGlobal cresceu 70%.
“Poucas companhias têm muita participação no mercado do varejo, e a tecnologia de inteligência cada vez mais faz a diferença nesse segmento”.
Menos tributos
Outros motivos para empreendedores optarem separar seus negócios estão a economia tributária e a chance de explorar melhor o negócio.
É o caso do proprietário de um escritório de contabilidade, o advogado Francisco Figueiredo, que constatou uma demanda de seus clientes pelo serviço de assessoria empresarial, que ajuda na abertura de negócios e na alteração do contrato social.
Com isso, as duas empresas foram divididas a partir de 2017 e apenas compartilham o mesmo espaço físico. O único gasto na ocasião foi de R$ 2 mil para a criação de um novo CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica).
Figueiredo pôde investir no desenvolvimento de mídias sociais e sites separados, que alavancaram o alcance dos anúncios de seus serviços. Juntas, as duas companhias têm faturamento de R$ 2 milhões por ano.
Além disso, a spin-off também registrou uma economia de 30% no pagamento de impostos, revela o advogado. Isso tudo graças à separação das receitas, que modificaram as taxas tributárias.
“Além disso, se um cliente tem algum problema com a empresa de assessoria empresarial, ele não vai associá-la ao escritório de contabilidade, e vice-versa.”
Fonte: Folha de S. Paulo
*Foto: Divulgação