Centenas de vagas são alugadas por empresas, mas enfrentam desafios de protegerem suas informações dentro desses lugares
Já não vem de hoje a cultura de procurar um espaço de coworking para abrigar funcionários de pequenas empresas. Porém, atualmente a demanda cresceu e o fator determinante veio das grandes companhias.
Os donos desses escritórios compartilhados em diversas partes do país dizem que a procura refere-se principalmente à corte de custos. Esses reflexos gerados pela crise financeira brasileira fez com que grandes empresas alugassem vagas nestes espaços à parte de seus funcionários.
Por outro lado, estar em um coworking traz à grandes companhias a oportunidade de um local que proporciona ideias inovadoras. É justamente a relação entre pessoas de diferentes áreas de atuação que podem gerar essa inovação.
Espaços de coworking
Segundo o presidente do coworking Regus, Tiago Alves, a demanda por grandes corporações cresceu 100% nos últimos dois anos. Atualmente, a empresa tem 74 escritórios espalhados pelo país.
Ele ressalta que a participação de grandes companhias nos espaços da rede elevou de 5% para 30% em cinco anos. Este número diz respeito à empresas com faturamento anual de pelo menos R$ 20 milhões e com cerca de 20 empregados alocados. Alves menciona como clientes que alugam vagas em seus espaços: a consultoria Accenture, Amazon, Ford, Petrobras e Uber.
Tiago também ressalta a importância de dispor às grandes companhias salas individuais com maior capacidade para alocar funcionários. Diferente das pequenas companhias e startups que não necessitam deste tipo de serviço. Além disso, a necessidade de um espaço maior para uma mesma empresa reflete o sigilo de informações internas.
Multinacional americana
Quem compartilha dessa experiência da Regus é a sua concorrente, a rede americana WeWork. Lucas Mendes, diretor geral da companhia no Brasil diz que hoje os escritórios compartilhados tem ocupação de 30% por grandes empresas no mundo. Este percentual é maior ainda na WeWork brasileira, onde a rede possui 19 unidades.
Segundo Mendes, a WeWork procura ter um valor menor de locação para grupos de funcionários do que para quem aluga uma única vaga.
Já para o presidente da Co.W, Renato Auriemo, que conta com cinco unidades da rede, sentiu a necessidade de construir escritórios maiores para atender a demanda das grandes empresas. Desde 2017, é possível encontrar esses locais da Co.W e que hoje representa 60% das ocupações. Em 2016, eram apenas 7%. Entre os clientes que alocam funcionários na rede, estão: Oracle e Unilever.
Segundo Auriemo:
“Já recebi pedido de uma empresa por 250 lugares e não tínhamos isso disponível. Neste mês, por outro lado, inauguramos uma área com 500 lugares para uma só empresa”.
Desde abril que o Carrefour passou a ser cliente desses escritórios compartilhados. O supermercado alocou 50 profissionais de seu departamento de negócios digitais em uma unidade da Co.W.
De acordo com a presidente do Carrefour eBusiness Brasil, Paula Cardoso, a preferência por um coworking trouxe o desejo de inovar mais. E conclui que em um ambiente mais aberto e sem divisórias proporciona diálogos mais produtivos. Além de diminuir o disparo de e-mails sem precisar de fato.
O Carrefour também planeja levar suas startups parceiras para o escritório compartilhado. O intuito é extrair maior aprendizado vindo de nichos diferentes de trabalho.
Integração entre cidades
Para o diretor imobiliário da Johnson & Johnson, Renato Fusaro, a adesão aos espaços de cowrking há três anos proporcionou uma integração da empresa, que pode usufruir desses escritórios entre as cidades de Belo Horizonte e Porto Alegre. Esta escolha foi tomada de primeiro momento pela redução de custos. Pois a empresa tem cerca de 30 colaboradores em cada uma dessas capitais. Portanto, não faria sentido investir em um espaço próprio.
Porém, Fusaro reconhece que também é importante possuir uma sede própria da companhia. O intuito seria ter a capacidade de passar os valores e cultura da empresa aos funcionários.
*Foto: Divulgação