A fintech de remessas Pontual Money Transfer já recebeu de R$ 10 a R$ 30 milhões, na intenção de ampliar soluções e expandir sua atuação geográfica
O mercado de fintech de remessas tem crescido cada vez mais, desmembrando a complexa tarefa de realizar transferência de dinheiro entre países. No último ano, os brasileiros enviaram mais de US$ 2 bilhões ao exterior, de acordo com informações do Banco Central.
Neste quesito, recentemente, uma fintech nacional deslanchou neste ramo em relação aos processos de câmbio e de tecnologia nas transações de remessa internacional.
Trata-se do Grupo Pontual Money Transfer, que é dono do site Usend, que envia e recebe dinheiro entre fronteiras. O conglomerado recebeu um aporte avaliado entre R$ 10 e R$ 30 milhões de reais, de grandes investidores, como Jorge Paulo Lemann, sócio do 3G Capital e homem mais rico do Brasil, além do fundo carioca Pier 18 LP (do Volt Partners).
Entenda melhor a fintech de remessas
A história da Money Transfer começa pela chegada do professor de jiu jitsu Fernando Fayzano aos Estados Unidos há 30 anos. Neste período na terra do tio San, ele também atuou como dono de uma companhia de importação e exportação. Em entrevista à revista EXAME, ele afirmou:
“Precisava movimentar dinheiro entre Estados Unidos e Brasil e era um processo muito difícil”.
Fayzano precisava conseguir licenças para operar câmbio e remessas nos Estados Unidos, enquanto seus amigos João Jorge Chamlian e Renato Chamlian residiam no Brasil e estreitavam o relacionamento com instituições financeiras nacionais.
Os amigos e Fayzano fundaram em setembro de 2017 uma empresa de câmbios e remessas e nasceu assim a Pontual Money Transfer. Na época, o imigrante levava dinheiro em espécie a um lojista, que colocava os dados no sistema da fintech para que a remessa fosse efetuada em troca de uma comissão. Esta transação funciona até hoje. Porém, surgiu a demanda por um modelo no qual o imigrante não precisasse se deslocar até um lojista parceiro.
Com isso, em 2014, foi criada a marca Enviou, Chegou para realizar transações de câmbio e remessas online entre Estados Unidos e Brasil. Já em 2017, o negócio foi expandido a vários países e a marca foi transformada em Usend. Sobre isso, Faysano conta:
“Nascemos do modelo tradicional e nos transformamos em uma fintech. Em cada país temos recursos específicos, como a coleta de dinheiro a domicílio no México e o pagamento de boletos e recargas no Brasil por um cartão de crédito americano”.
Aportes milionários para a fintech de remessas
No ano passado, o grupo Money Transfer fez mais de um milhão de transações de US$ de 411,3 milhões no total. Já no primeiro semestre deste ano, a empresa cresceu 56% em transações e 43% em valores transferidos ante o mesmo período de 2018. A meta é atingir 1,8 milhões de transações de US$ 646 milhões no até o fim de 2019.
Usend
No entanto, a fintech de remessas Usend ainda tem um papel pequeno nessa expansão. Porém, ela tem crescido em relação a maiores taxas. No ano passado, foram cerca de 80 mil transações de US$ 29,3 milhões no total. E no primeiro semestre de 2019, as transações tiveram alta de 120% e os valores totais transferidos cresceram 113%. Até o final deste ano, a perspectiva é alcançar 175 mil transações de US$ 68 milhões no total.
Com a ajuda do aporte avaliado entre R$ 10 e R$ 30 milhões poderá vir a concretização dessa estimativa. Além disso, os recursos serão utilizados para contratar colaboradores, realizar ações de marketing e possui capital de giro para operacionalizar os câmbios e remessas e ampliar regiões e formas de atuação.
O grupo Pontual Money Transfer é licenciado em 40 estados americanos e pretende chegar a todos nos próximos meses. O negócio também está presente no Canadá e almeja chegar na Austrália, Europa e em mais países da América Latina.
Além disso, a Money Transfer também quer se firmar como uma carteira digital (e-wallet), disponibilizando várias transações financeiras. A companhia também possui licenças nos EUA que possibilitam reter os fundos e ainda operar cartões pré-pagos e quitar contas, por exemplo.
Mercado de câmbio e remessas em ascensão
O setor cambial e de remessa possui diversos participantes, além das corretoras e bancos. É o caso da inglesa Transferwise, que iniciou os negócios como uma startup e hoje possui seis milhões de clientes e processa mais de cinco bilhões de dólares em pagamentos todo mês. Além disso, a companhia também opera como e-wallet e pretende trazer o modelo ao Brasil, com serviços de contas multimoedas e cartões que descontam com o melhor câmbio possível.
Diferencial da Usend
Fayzano ressalta que o diferencial da Usend é possuir um atendimento em português e serviços específicos ao mercado, como o pagamento de boletos. Ele também cobra uma tarifa fixa de US$ 5 por transferência, sendo mais vantajoso do que o percentual em operações de valores maiores. Por fim, a Usend conta com blockchain nas operações, por meio de uma parceria com a Ripple, empresa que é dona de uma criptomoeda própria. E o Grupo Pontual Money Transfer não para por aí, eles desejam realizar mais um aporte milionário para o início do ano que vem.
Fonte: revista EXAME
*Foto: Divulgação / Usend