Fintech inglesa supera a Caixa em envio de recursos ao exterior

fintech inglesa supera a caixa em envio de recursos ao exterior

A empresa TransferWise opera em solo brasileiro desde 2016

A fintech TransferWise superou a Caixa Econômica Federal e assume a quinta posição em relação à instituições financeiras de varejo do país, que enviam dinheiro ao exterior.

Por enquanto, a empresa inglesa só realiza os serviços de remessas de recursos entre pessoas físicas. Em 2018, este nicho movimentou US$ 2 bilhões, o equivalente a R$ 7,7 bilhões.

Dados do Banco Central

De acordo com o BC, ficam fora deste ranking os bancos que não operam no segmento de varejo de pessoa jurídica, como o JP Morgan e o Citibank.

O Banco Central também afirmou que nos primeiros quatro meses deste ano, a Caixa enviou US$ 363 milhões (R$ 1,4 bilhão) ao exterior. Segundo a Folha de S. Paulo apurou, a TransferWise, que não divulgou o valor de suas remessas, ultrapassou com larga escala o volume da primeira instituição. No entanto, para atingir o patamar do Banco do Brasil, atualmente quarto colocado com US$ 10,2 bilhões (R$ 39,3 bilhões), a fintech inglesa terá que enviar mais que o dobro do montante de dinheiro.

Competitividade da TransferWise

Desde que começou a operar no país, a companhia realizou remessas ao exterior no valor de R$ 15 bilhões.

No quesito competitividade, a fintech consegue diminuir seus custos de operação, brigando com os grandes bancos brasileiros. Esta tarifa varia de R$ 100 a quase R$ 400 em instituições financeiras de grande porte. Isso sem contar a cobrança do spread na cotação do câmbio.

Já na TransferWise, o gasto médio é de 1,5% do montante emitido, além da tarifa de câmbio utilizada ser a comercial, sem cobrança de spread.

Santander e Itaú

Recentemente, o Santander que lidera este mercado, passou a isentar o cliente pessoa física de taxa de transferência para operações realizadas via aplicativo. Antes era cobrado R$ 160 por operação. A instituição limitou o envio no valor de US$ 10 mil. O montante é creditado em duas horas caso a moeda seja a libra ou euro. O prazo de dois dias compreende operações emitidas em dólar. No entanto, o banco não deixa de cobrar o spread, que vem discriminado sobre o preço da cotação comercial da moeda.

O Itaú anunciou algo similar, onde pratica uma compensação quase imediata aos correntistas que utilizarem seu app. Porém, este benefício vale apenas para transferências entre contas de mesma titularidade, ou ainda se for provado que o recurso enviado é destinado à ajuda financeira de um dependente residente em outro país. Este custo é de R$ 115, valor parecido com o realizado pelo Bradesco, que também permite o envio por aplicativo. Todavia, os dois bancos cobram um percentual superior à tarifa de câmbio comercial.

Pesquisa

A TransferWise solicitou uma pesquisa à agência Rock Content. O estudo constatou que 94,6% dos clientes que já haviam enviado recursos ao exterior sabiam dos custos cobrados na operação.

Sobre tarifas, apenas 8,7% dos entrevistados sabiam que havia outros custos, como o spread na taxa de câmbio.

Em relação aos envios para o exterior, 53,2% das remessas são realizadas por meio de transferência bancária e 20,4% via cartão de crédito. A pesquisa contou com a participação de 2.427 pessoas que já realizaram este tipo de transação.

A fintech também fez uma comparação de seus custos operacionais com a média praticada pelo mercado. Com isso, foi constatado que a empresa pratica valores três vezes mais baratos que seus concorrentes.

Valor de mercado

Recentemente, a TransferWise foi avaliada em US$ 3,5 bilhões. A multinacional inglesa está presente em 71 países e realiza operações em 49 moedas diferentes. Por gerar receitas desde 2017, a empresa não se considera mais uma startup e possui capacidade para desenvolver um negócio rentável, segundo a executiva da companhia na América Latina, Diana Ávila.

Por exigências regulatórias, a empresa ainda atua no Brasil como uma correspondente cambial. Isso denota que ela necessita de outros bancos para completar suas operações financeiras. Contudo, a fintech aguarda aval do Banco Central para operar como uma instituição autônoma.

Multimoedas

Para que isso aconteça, a empresa também depende do lançamento da conta multimoedas, já praticada em território europeu. A executiva diz que na Inglaterra os gastos de envio de recursos ao exterior pelos bancos demonstraram maior transparência depois que a TransferWise começou a crescer no mercado.

Ao ser questionada sobre o lançamento da moeda digital do Facebook, a libra, ela acredita que o negócio não deva perder relevância. Pois, em sua opinião o mercado mundial está distante de realizar negociações apenas com uma moeda. E conclui que se uma pessoa precisa fazer uma transferência ao exterior, mas ela possui reais e necessita enviar libras do Facebook, este cliente terá a possibilidade de realizar a operação via app do TransferWise.

Fonte: Folha de S. Paulo

*Foto: Divulgação