A junção de economia lenta mais a migração para o comércio eletrônico ocasionou a queda no movimento das lojas físicas, no Brasil, em 2019.
A afirmação vem de um estudo da empresa de análise de dados de varejo Seed Digital, publicado nesta semana.
Lojas físicas – queda no movimento
Embora em datas comemorativas, em que o consumo deve aumentar, ainda sim, as lojas físicas registraram queda em seu movimento, comparado ao mesmo período de 2018. Para se ter uma ideia, tal movimento caiu 10% no Dia dos Pais, 8% no dia das crianças e 9% no Dia das Mães. O mês de abril, em função da Páscoa, também teve baixa nas compras, caindo 10 % em relação ao ano anterior.
Já em comparação ao fluxo de movimento na época da Black Friday, houve uma alta de 8,6% em relação à data em 2018, e no Natal, o crescimento foi de 0,3%.
Primeira parcela do FGTS
A pequena melhora no fim do ano passado pode ter sido em função da liberação da primeira parcela de saque do FGTS, afirma o presidente da Seed Digital, Sidnei Paulino.
O relatório da empresa não leva em consideração os números de compras e faturamento das lojas físicas. Porém, revela como a pequena melhora na economia, segundo indicadores econômicos em 2019, ainda não notada pelo varejo.
Alta no comércio eletrônico
Outra questão que motivou a queda no movimento nas lojas físicas, foi o aumento das compras por meio do comércio eletrônico, em dois dígitos, no decorrer de 2019.
Só no e-commerce, o faturamento cresceu 16% no primeiro semestre de 2019, atingindo R$ 32 bilhões, afirma a empresa de inteligência Compre&Confie. Já o último semestre do ano, a Black Friday, ocorrida em novembro, registrou alta de 32% no faturamento com vendas no comércio eletrônico, batendo a marca dos R$ 3 bilhões.
Mesmo assim, o país ainda está longe de ser dominado pelo e-commerce. Apenas quase 4% das compras no Brasil eram feitas pela internet em 2018, conforme último indicativo publicado em 2019 pela eBit/Nielsen no relatório Webshoppers.
Portanto, para Paulino, as lojas físicas continua sendo essenciais para o consumo:
“Neste ano, uma grande tendência será o começo do fim dessa diferenciação entre compra ‘online e offline’. O cliente é um só e a loja precisa conhecê-lo, investir em sua experiência e oferecer o melhor produto, não importa em qual plataforma.”
Com a opção de comprar online e poder retirar os produtos nas lojas físicas é uma forma do consumidor também se interessar por algo, quando adentrar o estabelecimento, aumentando assim o tíquete médio.
“Uma loja física de colchão não precisa vender só colchão, mas também travesseiros e lençóis, coisas pelas quais que aquele perfil de cliente pode se interessar.”
Investimento em lojas físicas
Até mesmo as companhias com forte presença no mercado digital estão apostando suas fichas em lojas físicas. Um exemplo disso é loja de roupas Amaro, que possui guide-shops, onde o cliente experimenta a roupa antes de comprar online. Já a varejista Magazine Luiza atingiu a marca de 1.000 pontos físicos em 2019, abrindo mais de 60 delas no ano passado, o que inclui estado onde só entregava online, mas não possuía loja física.
Nos EUA, a Amazon abriu dezenas de pequenas lojas customizadas, e a chinesa Alibaba abriu em Madrid (Espanha) sua primeira loja física da rede AliExpress.
Paulino conclui que assim como nos meios digitais, as lojas físicas também devem se preocupar como foi a experiência do consumidor dentro desses estabelecimentos:
“A varejista precisa conhecer o cliente também na loja física, e oferecer a ele uma boa experiência.”
Fonte: Revista Exame
*Foto: Divulgação