Com o aquecimento do mercado financeiro e o recorde de novos entrantes na bolsa de valores em 2020, esse tema ganha mais destaque. Há algumas palavras que confundem as pessoas, mas que não são de tão difícil compreensão.
Private Equity e Capital Venture são duas maneiras de falar sobre o capital empreendedor. São transações entre empresas e empreendedores que têm uma ideia, e os agentes que têm o capital para fazê-la rodar.
São excelentes formas de investimento, que exigem um conhecimento mais aprofundado. Assim, criamos um conteúdo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre Private Equity. Confira.
O que é Private Equity
O Private Equity (PE) é traduzido como capital privado. É uma modalidade de investimentos em empresas de capital fechado, ou aquelas que não estão listadas em bolsas de valores.
Hoje o investimento em startups tem ganhado destaque, mas não é esse o foco do PE. Quando se investe o capital privado, é mais comum buscar empresas já estruturadas de médio ou grande porte.
O lucro, de fato, se realiza quando a empresa cresce e o acionista se desfaz da sua parte do negócio, que pode ser somente no momento de abertura de capital, ou se quiser, até manter a sua posição no IPO (Inicial Public Offering, ações negociadas pela primeira vez na bolsa).
Como funciona o Private Equity
Pode ser sintetizado como ações tradicionais. Toda empresa possui ações. Quando há apenas um sócio, pode-se dizer que ele é o proprietário da única ação. Porém, se ele precisa de capital para crescer o negócio, existe a opção de fatiar essa ação, e vender partes.
Nesse momento é uma questão de negociação. O investidor interessado fixa um preço por uma determinada porcentagem, que o empresário aceita ou não, se não, pode aumentar a oferta.
Imagine que foi fechado um negócio em que o investidor compra 20% da empresa por R$ 200 mil. Logo, se 20% vale isso, a empresa toda tem um valor de mercado de R$ 1 milhão.
É como se 1 ação tivesse se tornado 10, e o investidor fica com 2 delas. No futuro, ao abrir capital, imagine que o IPO levanta R$ 100 milhões. Como o investidor possui 20% das ações, pode optar por se desfazer dela e embolsar R$ 20 milhões.
Qual é a diferença entre Private Equity e Venture Capital?
O PE é um investimento que busca crescimento com um risco moderado, de maneira que busca empresas muito bem estruturadas, com um fluxo de caixa definido, histórico consistente de lucros e outros parâmetros.
Já o Venture Capital (VC) é o capital de risco, é uma parcela da carteira alocada em empresas menores, com alto potencial de crescimento. Assim, costumam ser empresas menores que não possuem tanto histórico no mercado.
É um tipo de investimento mais arriscado. Ele começa em empresas pequenas, principalmente em startups, pegando justamente a fase em que ela mais cresce. Afinal, será necessário menos dinheiro para comprar uma grande fatia.
De acordo com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), o mercado brasileiro conta com mais de R$ 153 bilhões em investimentos sob essas duas modalidades.
Muito mais que um investimento
O empresário que vai em busca do PE ou VC não está atrás apenas de dinheiro, ou não deveria. O interessante desse tipo de aporte é que o investidor costuma ser gestor de um fundo de investimentos, com conhecimento de mercado específico, que pode trazer novas ideias e dinâmicas ao negócio.
Esse movimento é chamado de smart money, em que o dinheiro entra junto com o capital intelectual. O investidor busca crescer o negócio, oferecendo suas habilidades e redes de contato.
O grupo Angra Partners, por exemplo, acumula experiência em 10 fundos de investimento. O próprio Alberto Guth foi responsável pela mediação na privatização da Brasil Telecom, do Metrô do Rio de Janeiro e a Telemig Celular. A Kinea Investimentos é uma gestora do banco Itaú com um pé em todos os mercados do mundo, mas que vê no Private Equity uma maneira de alavancar as suas estratégias ao longo de décadas.
Esse conhecimento acumulado ao longo dos anos garante uma nova perspectiva para um negócio de médio porte que tem pretensões de crescer até abrir capital. Conhecimento de mercado é fundamental quando se busca a expansão.
Private Equity não é para sempre
Quando se fala em bolsa de valores, a estratégia campeã é focada em longo prazo. O investidor pessoa física compra ações que pretende carregar por décadas e receber dividendos quando a empresa estiver de vento em popa.
O PE não pretende ficar tanto tempo assim. O objetivo desse tipo de negociação é multiplicar o capital através do crescimento da empresa. É uma estratégia com começo, meio e fim.
Se inicia com o aporte inicial em troca de uma fatia do negócio, a etapa de crescimento e expansão, até o exit no final. O exit é o momento de vender a sua participação ao proprietário, ou a quem estiver interessado no mercado.
Quais empresas o Capital Privado busca?
Private Equity busca solidez, mesmo com um pouco de risco envolvido. Ele está interessado em empresas inovadoras com práticas éticas e muito bem orientadas. Para atrair esse tipo de investimento, a transparência é a chave.
O mercado em ascensão é um ponto importante. De nada adianta uma empresa disruptiva em um setor que ninguém liga, ou que já está abarrotado de “inovações”. Precisa ter um diferencial concreto em um mercado que possui demanda.
Porém, o Private Equity é muito mais um investimento no empreendedor. O perfil do sócio e um apetite para crescimento são fundamentais para se fechar negócios. Apesar de o investidor ter conhecimento de mercado, é o empreendedor quem executa os processos.
Outro ponto a ser considerado são as alternativas para sair. Lembra que o foco está em expandir o negócio, e não permanecer com ele? Então, é preciso de uma perspectiva clara para se desfazer da sua participação quando for o melhor momento, seja por meio da bolsa de valores, ou em um mercado ainda privado.
Empresas que recebem esse aporte são estruturadas, transparentes e éticas. Elas possuem uma cultura forte que incorpora hábitos novos e é capaz de mudar para crescer de uma maneira saudável.
O Private Equity é o emprego do dinheiro com inteligência de mercado.
