Setor automotivo teve o pior ano desde 2003

setor automotivo teve o pior ano desde 2003

Setor automotivo ainda enfrenta riscos para a sua retomada

Apesar das montadoras nacionais afirmarem que devem retomar suas atividades em 2021, como forma de recuperação dos negócios, ainda há ricos. Isso envolve uma possível lentidão na distribuição da vacina de Covid-19. Sendo assim, o setor automotivo prevê aumento de custos e um desequilíbrio da cadeia produtiva como barreiras para o avanço mais rápido da indústria de veículos.

Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras, entrevista à revista EXAME:

“O ano de 2021 ainda deve ser nebuloso, com incerteza fiscal, fraqueza no mercado de trabalho e provavelmente sem o auxílio emergencial.”

Contudo, ele acredita que a vacina contra a Covid-19 possa trazer confiança à economia:

“Todo mundo está cansado de ficar em casa, isso afeta intenção de consumo, viagens, compras, e consequentemente toda a economia. A grande vantagem da vacina é a sensação de confiança.”

Setor automotivo em seu pior nível de produção

Portanto, sem a vacina e esta confiança na economia, o setor automotivo arca com o pior nível de produção desde 2003, no acumulado de janeiro a novembro. Neste período, as vendas custaram a acontecer.

Desafios

Diante de um panorama de incertezas, os desafios de aumentos de custos e desequilíbrio da cadeia seguirão por algum tempo. E isso influencia na cadeia de fornecedores, que não conseguem dar conta do aumento súbito da demanda. Sobre isso, Moraes afirma que a situação deve se estabilizar nos próximos 60 a 90 dias.

“Não se trata de um problema estrutural. Se tivermos uma direção na economia, o setor produtivo se autorregula. No primeiro trimestre de 2021, certamente este problema estará resolvido.”

Influência negativa do dólar

Em contrapartida, o aumento do dólar acaba encarecendo a planilha de despesas das montadoras. Moraes diz ainda que volatilidade é o maior problema:

“As empresas não conseguem se programar, quando um pedido chega à fábrica o aumento de custo resultante da desvalorização do real já foi absorvido. A falta de previsibilidade é a pior situação.”

Por outro lado, o presidente da Anfavea defende a continuidade das reformas propostas pelo governo federal a fim de garantir a retomada da economia:

“Tudo vai depender de como o governo vai lidar com o déficit fiscal.”

Balanços da indústria automotiva

No mês de novembro, a produção de veículos atingiu 238.200 unidades. Ou seja, uma alta de 4,7% na comparação anual. Porém, no acumulado do ano, houve queda de 35%, para 1,80 milhão de unidades.

Em relação aos licenciamentos, houve uma queda mais amena, de 28,1% no acumulado até novembro, para 1,81 milhão de unidades. E no mês passado, o recuo foi de 7,1%, a 225.010 unidades.

Por fim, as exportações apresentaram desempenho positivo em novembro, avançando 38,6%, para 44.007 unidades, reforça Moraes:

“O crescimento até nos surpreendeu. Alguns mercados estavam sem estoques e houve uma demanda um pouco maior na Argentina, México, Colômbia e Chile.”

Só nos últimos 12 meses, foram 5.687 demissões nas montadoras, explica o dirigente.

“As admissões que tivemos no setor foram basicamente de contratos temporários.”

*Foto: Divulgação