Vinhos do Sudeste se destacam no mercado

Vinhos do Sudeste se destacam no mercado

Além dos vinhos do Sudeste, a região Centro Oeste também colhendo bons frutos; ambas produções adotaram a Tecnologia de Dupla Poda da Videira, validada e difundida pela Epamig

Nos últimos 20 anos, o estado de Minas Gerais vem se destacando na produção de vinhos a partir da dupla poda da videira. A técnica é validada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e também é adotada por outros estados que não possuem tanta tradição na produção. Sendo assim, o método tem garantido que localidades com verões muito chuvosos possam colher as uvas para a vinificação nos meses de inverno, quando o clima é mais ameno e seco.

Segundo a Epamig, para produzir vinhos durante o inverno é preciso ter uvas de boa maturação tecnológica, além de um clima favorável. Por isso, é feita a dupla poda para que estas uvas alcancem a plena maturação durante o inverno seco, com dias de muito sol e noites frias, que são condições ideais para síntese de açúcares e compostos fenólicos.

Vinhos do Sudeste – produção

Tal metodologia ampliou seus feitos de Minas Gerais, para os demais estados do Sudeste, para o Centro Oeste do Brasil, e também em regiões como a Chapada Diamantina. Já os primeiros vinhos produzidos pela técnica chegaram ao mercado em meados da última década e logo conquistaram espaço no circuito gastronômico, além de prêmios nacionais e internacionais.

Para o sommelier Luciano Mestrich, através do vinho é possível explorar o paladar, como também a história, a geografia e a arte de diferentes regiões produtoras, atingindo cada vez mais pessoas em todo o mundo.

Premiações

Por sua vez, os prêmios nacionais começaram a despontar em 2016, ganhando o mundo no ano seguinte. E o primeiro vinho de colheita de inverno a conquistar este feito foi o Chardonnay, da Vinícola Casa Verrone de Itobi-SP, na Expovinis 2016. Em 2017, foi a vez da Casa Verrone ser premiada com o vinho Syrah, eleito o melhor tinto Brasileiro. No mesmo ano, a Vinícola Guaspari, de Espírito Santo do Pinhal-SP, ganhou medalha de ouro com o vinho Syrah e prata com o vinho Viognier, e o mineiro Maria Maria Sauvignon Blanc conquistou bronze, no Decanter, maior concurso internacional de vinhos.

Em 2020, o vinho Syrah da Epamig levou o ouro no Brasil Wine Challenge. Em 2024, diversos títulos mineiros foram contemplados com medalhas de prata e bronze no Decanter: Barbara Eliodora Syrah (2023) da Vinícola Barbara Eliodora de São Gonçalo Sapucaí; Syrah (2021), Cabernet Franc (2021) e Viognier (não safrado) da Vinícola Casa Geraldo de Andradas; Sabina Syrah (2023) da Vinícola Sacramento (Sacramento); Sublime (2021) e Soberbo (2021) da Quinta do Canário, em Passos.

Vinícola da Epamig

Todavia, ao longo desses anos, vários vinhos produzidos na Vinícola da Epamig foram premiados. O local também presta serviço de vinificação para produtores que se iniciam na atividade.

Atualmente, são 19 produtores incubados na vinícola. E há uma fila de espera. Os quesitos obrigatórios são: apenas uvas de produção própria e um volume mínimo de 500 quilos de uva, com prioridade para produtores que estejam testando novas variedades e regiões, e que estejam dispostos a abrir espaços para uma parceria de pesquisa em sua área, revela o enólogo.

Pesquisas e novas variedades

No começo das pesquisas as uvas Syrah e Sauvignon Blanc foram as que melhor se adaptaram à dupla poda. Mas, hoje, outras variedades com potencial agronômico e enológico também têm sido utilizadas para a elaboração dos vinhos de colheita de inverno, como os tintos Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo, Malbec e Marselan, e as brancas Viognier, Marsanne e Chardonnay.

Pesquisa em vitivinicultura

A Epamig ainda conta com várias linhas de pesquisa em vitivinicultura com a intenção de contribuir para a ampliação, inovação, diversificação e melhorias na qualidade da produção vitivinícola durante o ciclo de inverno (vinhos finos) e verão (vinhos finos e de mesa).

Os projetos são conduzidos por uma equipe de seis pesquisadores em Campo Experimental de Caldas e um no Campo Experimental Risoleta Neves, em São João del Rei. Já o vinhedo experimental de inverno da Epamig fica no Campo Experimental de São Sebastião do Paraíso que possui condições mais adequadas ao cultivo de inverno.

As linhas de pesquisa para a produção de vinhos de inverno, abrangem:

  • avaliação de cultivares e porta-enxertos sob dupla poda;
  • uso de madeiras brasileiras no envelhecimento de vinhos finos de inverno;
  • agregação de valor às cadeias do azeite, café e vinho de Minas Gerais através da rastreabilidade e caracterização da origem geográfica;
  • introdução de tecnologias enológicas e seu impacto no perfil químico e aromático de vinhos finos produzidos na região sul mineira.

Já para o cultivo de verão, os estudos contemplam:

  • introdução de uvas PIWIs (resistentes a patógenos) para a produção de vinhos no sul de Minas Gerais;
  • novas opções de cultivares para elaboração de espumantes na Serra da Mantiqueira;
  • seleção de uvas americanas para processamento (suco e vinho de mesa), avaliação do potencial de cinco cultivares de videiras e dois sistemas de condução para produção de suco na região Campo das Vertentes.

*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/as-uvas-vermelhas-na-vinha_225951084.htm#fromView=search&page=1&position=29&uuid=594e8178-9fd6-4711-a7dc-c3b657823672