O mercado nacional de audiolivros vem despontando no país. Só em junho deste ano, três grandes editoras se uniram para criar a plataforma de comércio Auti Books. A companhia Ubook, pioneira no Brasil, divulgou planos de ampliação da marca. Já a sueca Storytel é vice-líder mundial do setor, ficando atrás apenas da Audible, pertencente à Amazon. E é justamente ela que chega em solo brasileiro com estratégias ambiciosas.
Audiolivros suecos no Brasil
A Storytel foi fundada em 2005, na Suécia, e hoje está presente em 18 países. A empresa funciona como uma plataforma de serviço de streaming, assim como o Netflix e Spotify, só que voltada aos audiolivros e podcasts. O serviço de assinatura mensal custa R$ 27,90 e o usuário terá acesso a obras de aproximadamente 20 editoras, entre elas: Edições Loyola Faro Editorial e Grupo Autêntica.
Os suecos apostarão em duas estratégias de vendas no Brasil: os “Storytel Originals”, que são audiosséries feitas exclusivamente para a plataforma, e o “Audio Firts”, que nada mais é do que um conteúdo publicado primeiro neste meio digital e que só depois sai em modo impresso.
Streaming de audiolivros
As editoras gigantes ainda costumam enxergar com desconfiança os serviços de streaming de audiolivros. Chegam a reclamar do valor oferecido e da resistência de agentes literários de outros países quanto à liberação dos títulos de seus clientes best-sellers nas plataformas. Portanto, eles preferem que o comércio de audiolivros seja realizado do modo à la carte, como são feitos em plataformas, como a Auti Books, que é a união das editoras Record, Intrínseca e Sextante junto ao fundo Bronze Ventures.
No entanto, o presidente da Storytel no país, André Palme, justifica o modelo de negócio sueco adotado por aqui, em declaração ao jornal O Globo:
“Toda a cadeia do mercado editorial opera na lógica da venda unitária. Vai levar tempo até o mercado editorial se familiarizar com o streaming. Mas é o modelo mais sustentável, porque gera receita recorrente para toda a cadeia, do dono do conteúdo ao narrador”.
Setor aquecido
A chegada do serviço de streaming de audiolivros sueco no país foi celebrada pela brasileira Ubook, principal plataforma nacional. Além disso, o CEO da Ubook, Flávio Osso, também aguarda que o Audible também aporte por aqui, no intuito de auxiliar na construção do mercado brasileiro de audiolivros. E ainda acrescentou:
“Os únicos que têm força para nos ajudar a construir o mercado são a Audible e a Storytel. Preferimos ter 30% de um mercado de US$ 500 milhões de dólares do que 100% de um mercado de US$ 50 milhões. A editora que prefere à la carte acaba não vendo dinheiro e conclui que o problema é o audiolivro, não o modelo de negócios”.
Conteúdos inéditos
A Ubook incrementa todo mês seu catálogo com 450 horas de conteúdo inédito. Este número deve chegar a 1.500 neste mês, quando serão concluídas as reformas nos estúdios.
A plataforma brasileira abriu recentemente seu capital, recebendo um aporte no valor de R$ 20 milhões, vindos da gestora de fundos para empresas de tecnologia, Confrapar. Os recursos serão investidos na ampliação das operações.
Público leitor
O Brasil possui, historicamente, um público leitor de papel significativo. Porém, com o sucesso dos smartphones e dos podcasts no país faz com que as plataformas de audiolivros também se entusiasmem com o meio digital.
Sobre isso, Palme, da Storytel, concluiu:
“O mercado potencial é muito grande. É como se estivéssemos tirando água do mar com um balde. Pode chegar gente do lado com mais balde que a água não acaba. Quanto mais plataformas no jogo ajudando a criar o mercado, melhor. Obviamente, com o tempo, alguns players vão se consolidar, como aconteceu com o streaming de música”.
Fonte: O Globo
*Foto: Divulgação / Edilson Dantas – Agência O Globo