A Ambev, que é líder absoluta no mercado brasileiro de cervejas, crê que possui um trunfo para brecar o crescimento de sua principal concorrente no país, a multinacional holandesa Heineken.
Na última sexta-feira de outubro (25), foram divulgados resultados considerados decepcionantes por analistas e investidores. No entanto, em uma conferência no mesmo dia, o presidente da companhia, Paulo Paiva, está confiante na variedade de marcas que a Ambev apresenta em relação ao mercado de cerveja Premium, que refletirá durante os próximos trimestres. Para ele, o jogo deste setor é para portfólio.
Ambev e suas marcas premium
As marcas premium a que Paiva se referia são: Beck`s, Bud, Colorado Lager, Corona e Stella Artois. Estes produtos são compostos por um teor de puro malte, e que chegam a preços mais elevados aos consumidores. Para o presidente da companhia, a Bud será uma “porta de entrada” para este segmento. Já a Beck’s, Corona e Colorado Lager são as cervejas com maior crescimento da empresa, que segundo ele, tem crescido dois dígitos.
Lucro do terceiro trimestre
No fim de outubro, a Ambev divulgou um lucro líquido de R$ 2,5 bilhões para o terceiro trimestre, que diz respeito a uma queda de 11,6% em comparação ao mesmo período do ano passado. Em contrapartida, o faturamento aumentou em 8%, resultando em R$ 11,9 bilhões. No entanto, estes efeitos fizeram as ações da companhia caírem 8% no dia 25 de outubro e fecharem a segunda-feira do dia 28 em nova queda, de 0,35%. Ao observar os dados, nota-se que em dois dias a empresa cervejeira perdeu R$ 26 bilhões em valor de mercado.
Esta estratégia contrasta com sua principal concorrente no Brasil, a Heineken, que possui duas marcas fortes em competição no segmento premium: Heineken e Eisenbahn. De acordo com informações da revista EXAME, a empresa holandesa costuma gerir menos marcas em cada país em que trabalha. Portanto, ela cortou seis das dez variedades da Eisenbahn para focar nas linhas de maior volume. Segundo um consultor do mercado de cervejas, ouvido pela EXAME:
“É uma estratégia oposta à da principal concorrente”.
Previsão do Bradesco BBI
No mercado brasileiro, a Heineken possui 20% do segmento, tendo potencial para atingir 25% em 2023, segundo estimativa do Bradesco BBI. Para conseguir este feito, a cervejaria holandesa está investindo R$ 985 milhões para poder dobrar a capacidade de sua produção. A divulgação veio logo após uma série de gargalos na produção da empresa no país, em frente à demanda acima do previsto.
De acordo com relatório do Bradesco BBI, faltaram até as tradicionais garrafas verdes para envasar a cerveja. 2019 se tornou o ano em que o Brasil virou o maior mercado mundial para a marca Heineken, seguido por Estados Unidos, França e Holanda.
Segmento popular
Tanto Ambev como Heineken registraram crescimentos trimestrais de dois dígitos no Brasil. No entanto, em relação ao segmento popular, o período está sendo dos mais difíceis. A Schin, pertencente à cervejaria holandesa, registrou queda no volume, e atingiu mais de 10% no terceiro trimestre. Porém, este segmento ainda corresponde a 80% do volume total da empresa em solo brasileiro. Já a Ambev também teve queda de 3% em seu volume total para o terceiro trimestre de 2019, ante a mesma época do ano passado.
Resultados da Ambev
Ainda em relação à conferência de resultado do final de outubro, o presidente da Ambev, Bernardo Paiva, ressaltou mais uma vez que a variedade de marcas da companhia pode ser um diferencial no mercado popular. O grupo cervejeiro tem investido no chope Brahma e na Skol Puro Malte, além de lançar marcar regionais, como Nossa (Pernambuco), Magnífica (Maranhão) e Legítima (Ceará). Todas elas levam ingredientes mais acessíveis, como a mandioca em suas formulações e com isso podem custar até 40% menos que a Skol, por exemplo.
Já o portfólio da Heineken no segmento é mais vasto que no premium e conta com as marcas: Bavária, Glacial, Schin e até mesmo a Amstel. Para que elas atinjam sucesso no mercado, vai depender de investimentos na maior aposta da cervejaria holandesa no país: a cerveja que dá nome ao grupo, mas que também sofre uma avalanche da concorrência.
Fonte: revista EXAME
*Foto: Divulgação