Igualdade econômica para mulheres no mundo todo atesta que é preciso uma mudança; pois hoje os serviços financeiros perdem em torno de US$ 700 bilhões (R$ 3,6 trilhões) por não atenderem às necessidades do público feminino
As fintechs lideradas por mulheres estão abrindo caminho para que outras mulheres em todo o mundo obtenham acesso a serviços financeiros. Isso permitirá que elas assumam o controle de suas decisões relacionadas ao dinheiro e ao bem-estar com uma confiança inédita.
Igualdade econômica para mulheres
As mulheres são, historicamente, sub-representadas nas finanças. De acordo com a pesquisa realizada pela Oliver Wyman, os serviços financeiros tradicionais estão perdendo uma receita de pelo menos US$ 700 bilhões (R$ 3,6 bilhões) ao ano por não atenderem as necessidades das clientes do sexo feminino. Sendo assim, a igualdade econômica para mulheres de modo global é urgente.
Com isso, fundadoras de diversas origens e com diferentes experiências de vida são ideais para criar soluções projetadas especificamente para atender às necessidades das usuárias. Asssim, as iniciativas criam uma base de usuários do sexo feminino e ajudam a preencher as lacunas de igualdade de gênero.
Construindo uma fundação
Um exemplo concreto é a Tala, fintech que usa dados de smartphones para conceder empréstimos a pessoas com pouco ou nenhum histórico de crédito. A empresa já atendeu mais de 7,5 milhões de clientes, 58% mulheres, em mercados emergentes como Quênia, México, Filipinas e Índia. Segundo o fundador e CEO da Tala, Shivani Siroya:
“Estamos ajudando a melhorar a vida das mulheres no nível fundamental. Isso cria ciclos de melhorias nas famílias e em outras áreas.”
Além disso, a empresa descobriu que 76% de seus clientes disseram ter tido melhoras na qualidade de vida e 80% disseram poder pagar grandes despesas que antes não conseguiam bancar. Isso aumentou sua autoconfiança, conforme um relatório da Tala.
Essa é uma porcentagem muito maior do que as estatísticas relatadas nos EUA, onde a maioria (57%) dos adultos americanos não pode arcar com uma despesa de emergência de US$ 1 mil (R$ 5,1 mil), segundo Relatório Anual do Fundo de Emergência do Bankrate. E mais de três em cada cinco americanos que trabalham se sentem ansiosos com sua situação financeira atual, de acordo com uma nova pesquisa da Harris Poll.
Portanto, com acesso a empréstimos digitais, 63% dos clientes da Tala relataram redução do estresse financeiro. Enquanto isso, 58% das usuárias experimentaram uma melhora na tomada de decisões e 67% falaram sobre ter mais independência financeira. Esse é um passo na direção certa, provando que as soluções fintech estão ajudando as mulheres a criar caminhos para a riqueza.
Negócios em crescimento
Contudo, as fintechs permitem às mulheres obter ferramentas financeiras para abrir pequenos negócios, por exemplo. O Nav.it, um aplicativo de gestão de dinheiro criado e administrado por mulheres, visa capacitar financeiramente seus usuários, dos quais 65% são mulheres, para que elas possam colocar dinheiro de volta em sua comunidade.
Sobre isso, Erin Papworth, fundadora e CEO da Nav.it, comentou:
“A infraestrutura e as soluções das fintechs criadas nos últimos anos geram uma oportunidade de negócios única para inovar.”
A partir de uma abordagem baseada em finanças comportamentais, o Nav.it foi projetado para ajudar as mulheres a aproveitar ao máximo sua renda, partindo do princípio que até 90% da renda de uma mulher volta para sua comunidade.
Nos EUA
As fintechs nos EUA oferecem muitas opções, levando a um mercado super saturado com pouco efeito no bem-estar financeiro. Enquanto isso, a maioria (79%) dos usuários de fintech está procurando aplicativos que ensinem como iniciar um fundo de emergência, como melhorar a pontuação de crédito ou como criar hábitos de poupança, afirma o relatório de efeito das fintechs de 2022 da Plaid.
Consciência financeira
A consciência financeira e a alfabetização são a proposta da fintech Aura, fundada por mulheres. Embora o acesso financeiro aos produtos seja fundamental, o impacto deve ser sentido pelos consumidores em termos de bem-estar emocional, confiança econômica e tranquilidade.
Medir o sucesso pelo número de contas abertas é fácil. Porém, as fintechs também devem considerar fatores emocionais.
Construindo novos caminhos
As fintechs lideradas por mulheres estão virando o jogo, por meio de conteúdo e de ferramentas para resolver problemas que dificultam o acesso a produtos e serviços financeiros. O momento de mercado é adverso. No entanto, o potencial para melhorar a equidade econômica para as mulheres está no centro das atenções neste Mês da Mulher.
Com as ferramentas certas, as mulheres podem acessar o mesmo campo de atuação que seus colegas do sexo masculino, capacitando-as para atingir seus objetivos e aumentar a participação de mercado para fintechs focadas em atendê-las.
Por fim, ao oferecer a mais mulheres a oportunidade de participar de serviços financeiros, as fintechs estão ajudando a criar um mundo mais igualitário para todos.
*Foto: Reprodução/Unsplash (CoWomen)