Crédito em bancos obtido por pequenas empresas equivale a 6,7 milhões de pequenos negócios, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a FGV
Quatro meses após vir a público a confirmação do primeiro paciente infectado por Covid-19 no Brasil, a pandemia segue causando danos também na economia do país. Segundo um levantamento realizado pelo Sebrae, em parceria com a FGV, revela que entre a primeira semana de abril (dia 7) e o começo de junho (2), período em que a pesquisa foi encerrada, a proporção de pequenas empresas buscaram créditos em bancos variou 9 pontos percentuais (de 30% a 39%). Em suma, isso quer dizer que desde o começo da crise gerada pelo novo coronavírus, aproximadamente 6,7 milhões de pequenos negócios buscaram empréstimos em bancos.
Vale lembrar que no fim de março, o governo federal anunciou o repasse de R$ 40 bilhões a pequenas e médias empresas para pagarem seus funcionários.
Em contrapartida a mesma pesquisa indica que permanece elevado o número de empresários que tiveram o crédito negado ou ainda aguardam posicionamento das instituições financeiras. Dos 6,7 milhões que pertencem a categoria PME que tentou, apenas 1 milhão conseguiu de fato obter crédito em bancos desde o começo da pandemia, explicou Carlos Melles, presidente do Sebrae:
“Nos países desenvolvidos, existem políticas de crédito a juros zero porque os pequenos negócios são essenciais para o funcionamento do sistema econômico. No Brasil, o crédito continua caro e burocrático. Em cada sete pequenos negócios que buscam empréstimo em banco só um consegue. Elas são 99% das empresas e respondem por a maior parte dos empregos. Em tempos de pandemia, a prioridade deveria ser manter as empresas vivas. Se não socorrermos as empresas que precisam de crédito, não vai haver empresa para voltar a produzir e não sairemos dessa crise tão cedo.”
Motivos para ter crédito em bancos negado
De acordo com entrevistados, a principal razão do crédito em bancos ter sido negado foi por ter o número do CPF com restrições (19%). A negativação no CADIN/Serasa também foi mencionada por 11% dos entrevistados, sendo o quarto item mais citado. E outros 11% dos empresários ouvidos disseram que a falta de garantias ou avalistas teria sido o principal motivo.
Pesquisa do Sebrae em parceria com a FGV
Conforme o mais recente levantamento realizado pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (quarta edição da série de pesquisas que começou em março), ouviu 7.703 donos de pequenos negócios de todos os 26 Estados e do Distrito Federal.
Além de confirmar a dificuldade no acesso a linhas de crédito em bancos, o estudo revelou também um aumento do número de empresas com dívidas/empréstimos em atraso (a variação foi de 33% para 41%) entre a primeira semana de maio (dia 5) e o começo de junho (dia 2).
O levantamento também revelou outros aspectos enfrentados pelos microempreendedores individuais e donos de micro e pequenas empresas, que resultou em um movimento de retomada da atividade econômica que já dá indícios de ocorrer na maior parte do território nacional.
A pesquisa revelou alterações apontadas em relação a um aumento expressivo do número de empresas que conseguiram se adequar à conjuntura de isolamento social e passaram a utilizar as mídias sociais, aplicativos ou internet para fazer vendas. Antes da pandemia tais companhias representavam 47% dos pequenos negócios. Na última pesquisa do Sebrae, esse percentual cresceu em 59% dos empreendedores.
Veja outros dados do levantamento:
- Para 87% das MPE o impacto da Covid-19 continua sendo a diminuição do faturamento. Entretanto, melhorou o nível de faturamento. Na segunda sondagem, o resultado estava, em média, 69% abaixo do normal. Na última pesquisa o faturamento médio estava 55% abaixo do normal
- Mais empresas que estavam paradas voltaram a funcionar. A interrupção temporária caiu de 59% para 43%
- WhatsApp é o principal meio de venda pelas redes sociais, seguido pelo Instagram e pelo Facebook
- Mais de 2/3 das empresas afirmaram que já adotaram (ou será fácil adotar) protocolos de segurança e higiene no combate à covid-19 no retorno às atividades
- A expectativa de retorno à normalidade, na média dos empreendedores ouvidos, passou de março de 2021 para julho de 2021.
Fonte: Revista EXAME
*Foto: Divulgação