Até os céticos meditam para aliviar o estresse

até os céticos meditam para aliviar o estresse

A partir de uma experiência ruim o âncora do jornalismo americano, Dan Harris, de 47 anos, hoje medita não só para se acalmar, mas sim para ser uma pessoa melhor. Atualmente, até os mais céticos meditam para aliviar o estresse diário no trabalho, por exemplo.

O jornalista dos programas Nightline e Good Morning America, da rede americana ABC, passou a praticar a atividade após 2004, quando teve uma crise de pânico ao vivo na TV.

Ele havia trabalhado como repórter de guerra pós-11 de setembro (atentado às Torres Gêmeas em Nova York, em 2001). Neste período desenvolveu depressão e começou a se automedicar e utilizar drogas mais fortes, como a cocaína.

Como chegou à meditação

Dan percebeu após o episódio de pânico em frente às câmeras que viver neste estado de espírito não seria uma tarefa fácil. Foi a partir de então que decidiu acordar e percorreu uma jornada que o levou à meditação.

Em entrevista à revista Você S/A., o jornalista revela que escreveu mais um livro com esta temática. Ele já lançou “10% Mais Feliz” (editora Sextante), título que dá nome ao seu podcast e também criou um aplicativo de meditação.

Agora Dan retorna com a publicação “Meditação para Céticos Ansiosos”, que escreveu em parceria com o professor de meditação Jeff Warren. A dupla resolveu produzir este enredo depois de perceber que cada vez mais pessoas se interessavam pelo assunto, porém não sabiam como começar a meditar.  

Céticos meditam para aliviar o estresse

Em um mundo corporativo e ainda muito capitalista, até os céticos meditam para aliviar o estresse. As pessoas que conseguem se desligar por alguns minutos do dia podem estar fazendo algo benéfico para si próprios. Esta atitude pode melhorar seu dia no trabalho.

No entanto, não é fácil se desligar de imediato. Nas palavras de Dan à Você S.A sobre esta questão, ele ressalta:

“Criar hábitos saudáveis é difícil. Não somos programados para adotá-los porque a evolução não ligava para a saúde ou a felicidade do indivíduo no longo prazo, apenas em garantir que nosso DNA fosse transmitido à próxima geração. Além disso, a meditação foi vítima da pior campanha de marketing já existente. Normalmente ela é apresentada mostrando pessoas em estado puro de alegria, flutuando no cosmo, sem pensamentos nem problemas”.

Portanto, quando uma pessoa se propõe a meditar e já consegue enxergar que sua mente abriga muitos pensamentos opressivos e estranhos, ela entende que tem um caminho a percorrer até conseguir meditar de fato.

Objetivos da meditação

De acordo com Dan Harris:

“Meditação é sobre começar de novo. Você tenta manter o foco em algo, como o sentimento de inspiração e expiração, e se distrai um milhão de vezes. O verdadeiro ato de meditação é perceber essa distração e começar de novo e de novo. Perceber que você se distraiu, não é uma falha, pois você começa a notar quão louco você é e essa loucura vai ficando menos poderosa. O que fazemos na meditação é nos familiarizar com nosso clima interno, de forma que não sejamos controlados por todas essas tempestades”.

Preconceitos

O jornalista admite que antes de iniciar esta prática achava que meditar era para gurus ou hippies. Ele passou a mudar de ideia após ler pesquisas científicas e comprobatórias de que o ato de meditar poderia ser benéfico à saúde, como reduzir a pressão sanguínea, e criar mais imunidade.

Além disso, os estudos também revelaram que o cérebro pode sofrer uma espécie de reprogramação, que está associado à autoconsciência, foco e estresse. Por fim, Dan se interessou ainda mais pelo assunto quando percebeu que não era preciso sentar de pernas cruzadas ou participar de um grupo religioso para meditar. É um exercício cerebral.

Benefícios diários

Com a meditação aplicada em sua vida, Harris percebeu que estava ficando menos chato nas reuniões sociais. Foi um comentário de sua esposa sobre isso que o fez enxergar que estava se tornando uma pessoa melhor. Portanto, o foco da meditação é esta, o de se tornar um ser humano mais fácil de se conviver.

Espaços para meditar nas empresas

Sobre as empresas disponibilizarem espaços para pessoas meditarem, o jornalista acredita que possa ser positivo. No entanto, ele defende que tem que ser feito do jeito certo e que não possa se tornar uma obrigação para o funcionário. Além disso, o próprio dono ou chefe direto deve dar o exemplo aos demais e demonstrar que a prática de relaxamento pode ajudar no desempenho do profissional e criar um bom ambiente de trabalho. Porém, é preciso deixar claro que não é porque a pessoa está mais calma, que ela pode admitir situações que são intoleráveis. Estes casos têm a ver com racismo, assédio ou salários desiguais. A pessoa que pratica meditação não pode se tornar alguém passivo diante desses episódios. Todavia, o colaborador pode enxergar que este não é o ambiente certo para se trabalhar e sair dele.

Fonte: Revista Você S/A.

*Ilustração: Divulgação