Cooperação bilateral entre Brasil e Cuba: medicamento para Alzheimer e apoio na vacinação

Cooperação bilateral entre Brasil e Cuba: medicamento para Alzheimer e apoio na vacinação

Cooperação bilateral entre Brasil e Cuba envolve tecnologia e inovação na saúde como principais eixos do novo acordo firmado durante visita da delegação brasileira

Um dos pilares da agenda diplomática brasileira em 2023, a saúde também terá protagonismo na retomada da cooperação bilateral entre Brasil e Cuba. É nesse contexto que a ministra Nísia Trindade integrou a comitiva do presidente Lula em visita a Havana, nos dias 15 e 16 de setembro. Após a participação no fórum de países do sul global, chamado de G77+China, a ministra assinou um Protocolo de Cooperação em Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo Econômico Industrial da Saúde com o país caribenho.

Cooperação bilateral entre Brasil e Cuba

Além disso, o acordo de cooperação bilateral entre Brasil e Cuba prevê a troca de tecnologias e experiências em temas como doenças crônicas, vacinas, biotecnologia e biodiversidade, doenças transmissíveis e negligenciadas, fomento de parcerias público-público e público-privado, além do desenvolvimento de produtos inovadores. Uma das propostas indica para o auxílio mútuo na regulação sanitárias para aprovação e comercialização de medicamentos, dispositivos médicos, vacinas e outras tecnologias. Essas negociações envolveram a brasileira Anvisa e sua contraparte cubana, a Cecmed.

De acordo com a ministra Nísia Trindade:

“Estamos retomando o acordo binacional com o Ministério da saúde de Cuba para desenvolver de forma conjunta medicamentos e outras inovações nos campos de vacinas, para doenças crônicas como Alzheimer, gastrite. É todo um campo de inovação. O Brasil se beneficia de um conhecimento de ponta que Cuba desenvolveu a partir de um investimento de anos. O Brasil tem expertise clínica e capacidade de produzir em escala para produção nessa área em laboratórios públicos e privados. E, certamente, todo um outro campo de interesses virá.”

Recursos humanos

Todavia, o documento também deve contemplar a capacitação de recursos humanos. Contudo, o impacto deve ser maior na análise da qualidade de vacinas e medicamentos que fazem parte do comércio bilateral regular, como aqueles para febre amarela e da imunização infantil.

Também deve ser fortalecida a capacidade de ambos os países no desenvolvimento de pesquisas clínicas sobre o câncer. Por fim, o Brasil deve prestar apoio a Cuba na criação da rede de bancos de leite humano, a exemplo da parceria com Angola.

Parceria de longa data

Vale lembrar que a colaboração entre Brasil e Cuba para a ciência e saúde tem, pelo menos, 37 anos de história. Desde então, já foram assinados pelo menos seis documentos para cooperação bilateral – com destaque para a instituição do Comitê Gestor Binacional Brasil e Cuba de Biotecnologia para Saúde, instituído em 2011.

Evento BioHabana 2024

Além disso, esse movimento será coroado com a participação do Ministério da Saúde no evento BioHabana 2024, com o tema “Saúde para uma vida Saudável”. O encontro contará com a participação de cientistas de todo o mundo entre os dias 1º e 5 de abril do próximo ano.

Estratégia internacional

Desde o começo do ano, o Brasil tem sido exemplo para o mundo nos grandes debates sobre preparação para emergências sanitárias, equidade de acesso às tecnologias, combate às doenças socialmente determinadas e a cobertura universal de saúde. Os temas estiveram presentes desde a participação da ministra da Saúde na 76ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), em maio, até a presença na Assembleia Geral da ONU, a partir deste fim de semana. Esse tipo de cooperação também foi alvo de atuação da ministra durante a passagem pela reunião do Bircs, na África do Sul, em agosto.

Ela disse ainda que, para atingir essa capacidade, de modo apropriado, oportuno e inclusivo, “vejo a Cobertura Universal de Saúde como a pedra angular desse esforço. É um tema de grande relevância na agenda internacional de saúde, principalmente na intensificação dos esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável”.

Cúpula do G20

Pot fim, o compromisso brasileiro com os países em desenvolvimento e as populações vulneráveis foi reforçado na cúpula do G20 que ocorreu logo em seguida. “É preciso reconhecer que, muitas vezes, na Saúde, nós remamos contra a maré se não estivermos atentos às causas dos problemas de saúde – e muitas delas são causas sociais. É o caso da tuberculose. Basta olhar onde há maior incidência e isso está sendo trabalhado em áreas mais vulneráveis, de pobreza, no sistema prisional, a população de rua também é um ponto de atenção”, reforçou a ministra.

*Foto: Reprodução/socialismocriativo.com.br/grupo-parlamentar-brasil-cuba-publica-nota-de-apoio-a-cubanos