Crescimento após pandemia do setor de comércio eletrônico será permanente, segundo Relatório Global Outlook 2021, da Mastercard
Desde que começou o período de isolamento social no Brasil, em março de 2020, a boa participação que o e-commerce conquistou no total de vendas do varejo deve permanecer. É o que indica o Relatório Global Outlook 2021, da Mastercard.
De acordo com o levantamento, o crescimento após a pandemia gera uma expectativa de 20% a 30% das operações que migraram das lojas físicas para a internet durante a pandemia serão permanentes quando a crise sanitária chegar ao fim.
O relatório da Mastercard aponta ainda que os gastos com comércio eletrônico aumentaram de 10% a 16% em seu pico, em comparação aos níveis anteriores à crise.
Crescimento após pandemia do setor de comércio eletrônico
Por outro lado, no Brasil, os efeitos do maior volume de vendas online também devem afetar a circulação de papel moeda. Isso porque a projeção é que aconteça uma redução nas transações com dinheiro físico, em especial para diminuir riscos e custos relacionados ao armazenamento.
Sobre isso, João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul, afirma que 46% dos brasileiros aumentaram o volume de compras online durante a pandemia e 7% realizaram uma compra online pela primeira vez.
“O brasileiro é muito receptivo a novas tecnologias. A tendência é que o ecommerce continue crescendo. A adoção pelas gerações mais antigas, a maior conveniência e os custos mais baixos para os consumidores, provavelmente, manterão a demanda digital sólida em 2021.”
Ele ainda complementa:
“Essa mudança acelerada para o digital resultou no uso crescente de automação, nos conjuntos mais amplos de setores trabalhando em casa, e mais experiências sem contato. A transformação digital poderá permitir a inclusão financeira, melhorar as receitas fiscais e melhorar a produtividade das empresas.”
Mastercard Economic Institute
Todavia, dados do Mastercard Economic Institute, indicam que a abertura de empresas possivelmente estará limitada àquelas que comercializam produtos e prestam serviços online.
Isso se deve a incertezas sobre o nível real de consumo, além das condições de crédito mais restritas. Além disso, também figura o fato de ter mais risco de contágio no contato físico.
Outro estudo
Em contrapartida, outro estudo feito pela Mastercard, em parceria com a AMI (Americas Market Intelligence), no final de 2020, também indicou que 32% dos brasileiros afirmaram que irão trabalhar em esquema home office com maior frequência. Já 38% dizem que vai utilizar o online banking mais vezes, para evitar resolver operações pessoalmente nos bancos. Já outros 36% dos entrevistados afirmaram que realizarão mais compras online do que em lojas físicas, 27% planejam optar pelo delivery quando quiser comer uma refeição diferente.
Cenário macroeconômico brasileiro
Sobre o cenário macroeconômico brasileiro, o presidente do Mastercard disse que a capacidade de retomada dependerá fortemente da habilidade dos governos de fornecerem estímulos fiscais. E ainda pagarem suas dívidas de longo prazo na paralela.
Em 2020, a dívida pública do Brasil superou 90% do PIB (Produto Interno Bruto) e já há projeções indicando que chegará a 100% do PIB. Sendo assim, esta alta surge do aumento de gastos do governo com medidas para mitigar o baque econômico da pandemia. Paro Neto explica:
“O estímulo expirado, especialmente no Brasil, é um risco iminente para 2021. A chegada das vacinas ao país pode ajudar no crescimento econômico, mas as reformas que poderiam impulsionar o crescimento no longo prazo podem ficar difíceis em 2021 em um ambiente político mais fragmentado.”
Confiança do consumidor
Para o executivo, o consumidor ainda não voltou a confiar no mercado, diante das incertezas em relação à economia e ao vírus.
“Apesar disso, a flexibilização das medidas de distanciamento social, os programas adicionais de estímulo do governo e o crescimento do comércio digital devem auxiliar no crescimento dos gastos do consumidor ao longo deste ano.”
Entretanto, o aumento da inflação segue como uma ameaça ao consumidor neste ano, aponta o relatório.
*Foto: Divulgação