Foco regional na saúde: fusões e aquisições no setor crescem

Foco regional na saúde

Foco regional na saúde, segundo consultoria, inclui diversificação geográfica e complemento de portfólio de serviços

Cada vez mais, companhias de saúde buscam diversificação geográfica e complemento de portfólio de serviços. É o que revela a pesquisa da empresa global de consultoria Kroll. Sendo assim, o grande volume de movimento será nas operações que envolvem milhões. Além disso, o setor de saúde suplementar e medicina diagnóstica deve crescer este ano no Brasil, devido ao aumento nos movimentos de fusões e aquisições, em especial entre empresas regionais.

Segundo o chefe de finanças corporativas da Kroll, especialista em fusões e aquisições, Alexandre Pierantoni, em entrevista ao Valor:

“Não tenho dúvida de que nós vamos continuar tendo movimentos de fusões e aquisições no setor, principalmente fora dos grandes centros.”

Ele ressalta também que será preciso ver o quanto de oferta de empregabilidade e quanto de renda terão para poder crescer neste setor.

Foco regional na saúde

Pierantoni diz também que o setor vai continuar a ver operações de bilhões como a do Fleury e Hermes Pardini no ano passado, assim como aquisições pela Dasa e Hapvida. No entanto, o grande volume estará nas operações que envolvem milhões, com foco regional na saúde.

“Existe mais espaço e oportunidade em consolidações regionais, pela integração maior, por ganhos de sinergia. A fragmentação é muito grande no Brasil.”

O chefe de finanças corporativas da Kroll afirma que o setor representou 15% das operações de fusões e aquisições do ano passado, em número de transação. Agora, a perspectiva é de continuidade do interesse do investidor no segmento. Outras áreas aquecidas em fusões e aquisições são tecnologia e consumo de modo bastante amplo. Porém, não há um setor dominante, e saúde vai continuar tendo importância, revela.

Crescimento da demanda

Entre as oportunidades para a saúde em 2023, está o crescimento na demanda, com o aumento do nível de emprego e renda da população, bem como seu envelhecimento. Ou seja, não se trata de um mercado que disputa o cliente, e sim disputa a disponibilidade de prover o serviço para a população.

Medicina diagnóstica suplementar movimentou R$ 36 bi em 2021

O relatório da Kroll revela ainda que a saúde suplementar atinge aproximadamente 25% da população no Brasil, com bastante espaço para crescer, além de ser responsável por quase metade dos exames de imagem feitos no país. Neste caso, o relatório mostra que o mercado brasileiro de medicina diagnóstica na saúde suplementar movimentou R$ 36 bilhões em 2021, com 155 milhões de exames de imagem.

A expectativa agora é que pacientes com 65 anos ou mais, que se submetem a procedimentos de diagnóstico por imagem duas vezes mais do que o restante da população, impulsionem o crescimento no volume de procedimentos na próxima década, diz a Kroll. Além disso, a tendência é que o mercado retome o patamar de volume de exames pré-pandemia já neste ano.

Mercado em SP

O relatório destaca ainda que o Brasil possui 6 mil clínicas especializadas em diagnósticos por imagem, com a região Sudeste, em especial São Paulo, concentrando os estabelecimentos. Entretanto, há um crescimento significativo nas demais regiões, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com grandes grupos internacionais, vindos de mercados mais desenvolvidos como o americano, que começam a olhar para o Brasil.

Desafios do foco regional na saúde

O setor enfrenta desaios, sendo o maior deles o custo alto de investimento, com preços elevados de equipamentos e de manutenção, além da disponibilidade de profissionais. Já o uso de inteligência artificial e de laudos a distância são algumas das tendências que deverão impulsionar o setor, com destaque para os avanços das “health techs”. E isso também a de outros países da América Latina, como Colômbia, Chile e Argentina, que promovem a inovação e rupturas tecnológicas, diz Pierantoni.

Por fim, ele destaca o papel ativo de fundos de private equity com experiência no setor de saúde, como:

  • Pátria, que investe em empresas como Dasa e na Alliar;
  • Vinci Partners, com investimentos na Cura;
  • e Crescera Capital, com um histórico de investimento no setor de saúde, sendo um dos exemplos a Hospital Care, Hospital Vera Cruz e o Hospital Baía Sul.

*Foto: Reprodução