Geradoras de energia da Cemig: Zema quer vender 15 usinas e centrais

Geradoras de energia da Cemig

Geradoras de energia da Cemig é motivo de edital lançado pelo governador mineiro

A direção da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), nomeada pelo governo de Romeu Zema (Novo), lançou em março deste ano um edital de venda de 15 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais geradoras hidrelétricas (CGHs) da empresa estatal. O leilão está previsto para 10 de agosto deste ano.

Geradoras de energia da Cemig

Além disso, a transação sobre as geradoras de energia da Cemig têm o valor mínimo para adquirir as 15 estruturas, que ficam em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, que é de R$ 48,2 milhões.

No entanto, apenas a PCH São Bernardo, uma das que será vendida pela empresa, recebeu, em 2005, o financiamento de R$ 34,32 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para sua implantação.

Venda dos ativos

Na avaliação do deputado estadual Professor Cleiton (PV), a venda dos ativos é parte de uma estratégia do governo Zema e da atual direção da Cemig, que busca fatiar e precarizar a empresa para depois privatizá-la por completo.

“Com a intenção de venda de ativos e, consequentemente, de desidratação da empresa, o resultado é consolidado lá na frente. É a comercialização do patrimônio para que, daqui a pouco, [o governo] tenha a justificativa de que a empresa é deficitária.”

Vale lembrar que desde novembro passado, a Cemig vem numa constância de adquirir, mas também de vender sua participação em algumas empresas. É o caso da Renova Energia, em que a companhia mineira vendeu sua cessão de forma onerosa da totalidade de seus créditos detidos em face da Renova Comercializadora por R$ 60 milhões ao Grupo Angra Partners, do CEO Alberto Guth.

Quem sofre é a população

Ainda de acordo com a empresa, “a alienação das PCHs e CGHs tem o objetivo de melhorar a eficiência operacional e a alocação de capital”. Por outro lado, segundo Professor Cleiton, quem mais sofre os impactos diretos da entrega do patrimônio público para a iniciativa privada é a população, que passa a pagar mais caro por serviços piores.

Portanto, o parlamentar complementa:

“A venda fatiada da Cemig tem gerado uma série de dissabores para a nossa população, sobretudo na prestação de serviço, que cada dia mais é questionada pela inoperância e ineficácia. Chama a atenção que a população está sendo tão prejudicada que os índices de insatisfação em relação à Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] são os maiores do Brasil. Além disso, essa precarização do serviço pode afetar diretamente o preço da conta de luz.”

A história se repete

Em 2017, após o impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) articulou a venda de quatro hidrelétricas da Cemig. As usinas São Simão, Miranda, Jaguara e Volta Grande foram vendidas a empresas estrangeiras por R$ 12,1 bilhões.

Depois da operação, o valor da tarifa da geração de energia elétrica dessas usinas sofreu um aumento de R$ 76,00.

Assim como o deputado Professor Cleiton, Jefferson Leandro, da direção do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG), destaca que uma das principais consequências da privatização é justamente o aumento do preço cobrado pelo serviço.

Por fim, Jefferson relembta que há uma relação entre privatização e aumento da tarifa. Essas usinas, privatizadas em 2017, eram responsáveis por 50% de toda a energia gerada pela Cemig. Antes da privatização, essas usinas eram remuneradas pela tarifa em R$ 66 por cada megawatt-hora (MWh) de energia gerada. O governo ilegítimo de Temer ofertou no edital de venda dessas usinas o valor de R$ 142 por cada MWh. Quem paga essa conta somos nós”.

*Foto: Reprodução/Unsplash (Fré Sonneveld – https://unsplash.com/pt-br/fotografias/q6n8nIrDQHE)