Indústria brasileira de games registrou um salto de desenvolvimento desde 2019, quando havia 375 estúdios em atividades, e hoje são 1009, revela pesquisa da Abragames
O mercado brasileiro de games deve celebrar o momento atual. Isso porque o número de estúdios nacionais em atuação subiu de 375, em 2019, para 1009 em 2022, crescimento de mais de 160%. É o que revela a pesquisa inédita publicada pela Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), a Pesquisa Nacional da Indústria de Games.
Indústria brasileira de games
De acordo com Rodrigo Terra, presidente da Abragames:
“O estudo traz um mapeamento inédito da indústria brasileira de desenvolvimento de games e apresenta dados que colocam o país como um importante hub do setor na América Latina, além de um celeiro de talentos para o mercado global de jogos eletrônicos.”
Terra disse também que este aumento significativo da indústria brasileira de games em relação à quantidade de estúdios: de 2018 para 2022, “tem muito a ver com o amadurecimento da nossa indústria. Hoje, temos quase 20% dessas empresas em atividade por um período entre 10 e 15 anos”. Ele declarou tudo isso durante a feira Big Festival, que ocorreu na cidade de São Paulo até o último domingo (10).
Centralização regional do ecossistema
Além disso, há mais um aspecto relevante do estudo e diz respeito ao nível de centralização regional do ecossistema. Mesmo que o nicho de produção seja cada vez mais digitalizado e que tenham estúdios espalhados pelo país, a região Sudeste ainda concentra mais da metade dos dos desenvolvedores (57%), seguido pelo Sul (21%), Nordeste (14%), Centro-Oeste (6%) e Norte (3%).
Vale lembrar que em dezembro de 2019, a startup brasileira de games, Wildlife, se tornou um unicórnio, avaliada em US$ 1,3 bilhão. A empresa possui sede em São Paulo.
De acordo com a diretora da Abragames, Eliana Russi:
“Temos um cenário cada vez maior e mais rico no Brasil, e o levantamento nos ajuda a compreender quem são esses estúdios, onde estão, o que estão fazendo e o que precisam para se desenvolver. Portanto, é mais uma ferramenta para que a Abragames possa apoiá-los da melhor forma possível a fim de gerar desenvolvimento como empresas, negócios e cases de sucesso.”
Qualidade e diversidade
Já sobre a diversidade dentro dos estúdios brasileiros, a pesquisa revela que há aproximadamente 12.441 pessoas trabalhando com desenvolvimento de games no país, sendo 29,8% mulheres.
Nos levantamentos de 2018 e 2014, essa mesma fatia representava apenas 20% e 15%, respectivamente. Todavia, mais da metade das empresas brasileiras (57%) dizem ter uma força de trabalho diversa, com transexuais, idosos, estrangeiros, refugiados, portadores de deficiência, pessoas pretas, pardas ou indígenas.
Cursos de graduação
Para que a indústria brasileira de games seja qualificada, hoje, o país conta com mais de 4.000 cursos de graduação de Jogos Digitais ou de Design de Games. Todos eles são cadastrados no Ministério da Educação. Mas, apenas 0,27% dos cursos são oferecidos pelo setor público.
Em termos geográficos, mais de 40% desses cursos estão na região Sudeste e a estimativa é de que a cada ano se formem um total de 3.965 estudantes.
Talento internacional
Com mercado mundial de games em ascensão, estúdios brasileiros revelaram negócios com empresas do exterior. Porém, o resultado foi acima do esperado, com 57% das desenvolvedoras tendo vendido seus serviços e jogos a empresas de outros países somente em 2021.
Principais consumidores
Os principais mercados consumidores das produções brasileiras são Estados Unidos e América Latina, que fizeram negócios com 55% e 53% dos estúdios brasileiros, respectivamente. Em seguida aparecem a Europa Ocidental (49%), Canadá (49%), países de língua portuguesa (41%), Japão (37%) e China (24%).
Assessoria em outros países
Por fim, o estudo revelou que 12% dos estúdios brasileiros possuem representação ou assessoria de imprensa em outros países; 9% têm empresa formalizada; 2% contam com escritório local; e 2% pelo menos uma unidade de desenvolvimento no exterior.
*Foto: Reprodução