Chaves de acesso no PIX podem fazer usuário se endividar ou cair no cheque especial; entenda o motivo
Na semana passada, o novo sistema de pagamento instantâneo do Banco Central, o PIX, entrou em operação em todo o Brasil. Apesar da operação recente, muitas pessoas já haviam cadastrado as chaves no início de outubro. Também na semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a taxa de rejeição ao novo serviço foi de 6,5%, considerando que nem todo o país já utiliza ou cadastrou o serviço.
Neste novo futuro para os meios de pagamento é possível cadastrar até cincos chaves de acesso em instituições financeiras diferentes. E é justamente aí que mora o perigo. Isso porque com a possibilidade de ter mais contas, o consumidor pode não dar a devida atenção a tantas operações de transferências. Conclusão: o usuário pode se endividar no cheque especial, por exemplo.
Chaves de acesso do PIX – ter mais atenção
Para o presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), Reinaldo Domingos:
“O lado a ser observado, não é só o da facilidade, é que vamos ter um grande aumento no uso do cheque especial. O pagamento com o Pix é à vista, ou seja, é preciso ter dinheiro na conta. Caso contrário, esse cliente entra no cheque especial e vai começar a pagar juros altíssimos. Esse é o grande vilão da história.”
Pagamento à vista
Sobre isso, o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira, reforça que a pessoa não gaste além do que pode:
“O que pode acontecer é fazer a transferência usando o limite do cheque especial. O consumidor não deve assumir compromissos que não pode pagar.”
Como funciona o PIX?
Há meses que o Banco Central chama a atenção do mercado financeiro para sua nova modalidade de pagamentos. Então, o em outras palavras, o PIX funciona como qualquer outra forma de transferência de dinheiro. Similar ao TED, DOC ou pagamento via boleto, se o cliente faz este tipo de transação de valor superior ao que tem na conta, o banco vai cobrir a diferença utilizando o limite do cheque especial. Mas apenas se o usuário possuir este tipo de crédito.
No entanto, de acordo com o BC, o cliente precisa ser avisado antes de começar a transação de que, na verdade, está utilizando um empréstimo, se cair no cheque especial para cobrir a transferência do PIX.
Planejamento para várias contas
A pessoa que cadastrou chaves de acesso do PIX em diversas instituições passou, obviamente, a ter mais contas. Portanto, a recomendação é fazer um planejamento para saber quanto de dinheiro tem em cada instituição, afirma Teixeira:
“A facilidade de transferência ficou maior, mas o planejamento deve continuar o mesmo. Pagar só o que você tem condições de pagar e fugir de qualquer crédito de juros elevados.”
E ele conclui:
“Não recorra ao crédito, só em situação emergencial. Se precisar, procure linhas de crédito mais barata do que o cheque especial para ter uma pressão menor no orçamento.”
Dicas para não se endividar com o uso do PIX
- Faça um controle para não se confundir e acabar utilizando a conta errada, no caso de ter várias chaves de acesso;
- Ao realizar uma transferência, verifique antes se tem saldo suficiente para não cair no cheque especial;
- Não gaste além do que pode;
- Se precisar de algum empréstimo, o recomendável é buscar outras alternativas antes, mas em último caso opte por linhas de crédito mais baratas do que o cheque especial.
*Foto: Divulgação