Captação líquida positiva atingida por fundos de ações lideram entrada de novos recursos, mas por outro lado acumulam perda de patrimônio no ano
Após oito meses de captação líquida negativa, o mês de junho foi marcado por fundos de renda fixa voltando a ter mais entrada de recursos do que retirada.
De acordo com informação da Anbima, as modalidades de renda fixa tiveram captação líquida de R$ 33,9 bilhões no mês. No entanto, nos primeiros seis meses de 2020, a retirada de recursos ultrapassou a entrada em R$ 95,2 bilhões.
Captação líquida dos fundos de renda fixa
Dentro da categoria de fundos de renda fixa, os fundos de crédito privado de empresas com grau de investimento foram os mais prejudicados com a saída de recursos. O total de captação líquida negativa foi de R$ 170,8 bilhões nos primeiro semestre deste ano.
O especialista de renda fixa e crédito privado da EXAME Research, Odilon Costa, explica que fora a queda da Selic, que passou de 4,5% ao ano para 2,25% ao ano neste período, outro motivo é a forte crise de liquidez que arruinou os fundos de crédito privado no começo de 2020. Portanto, tudo isso culminou na as retirada de capital.
Este caso difere do ano passado, quando a renda fixa estava com juro menor, mas em um momento econômico que não contava com uma pandemia pela frente.
Em entrevista ao portal de notícias EXAME, ele declarou:
“Muita pessoa física investe em fundo de crédito privado como se fosse caixa, esperando uma rentabilidade constante de um percentual do CDI. Quando viram que alguns deles estavam com retorno negativo, acabaram retirando. Mas não foi problema de crédito, foi de liquidez.”
Para ele, no auge da crise do mercado financeiro, muitos fundos foram obrigados a vender ativos para poder fazer caixa. Sendo assim, também permitiram os resgates de recursos e, consequentemente, prejudicando o desempenho:
“Com isso, surgiram algumas oportunidades no crédito privado, algumas taxas ficaram mais atrativas. Mesmo com a queda da Selic não dá para sair infinitamente da renda fixa.”
Selic
Em contrapartida, a queda da Selic aumentou a busca por resgates em ativos de renda fixa. Porém, por outro lado, favoreceu os fundos de ações, que lideraram as captações líquidas dos primeiros três meses, com saldo positivo de R4 49,5 bilhões.
Mesmo assim, a categoria que sofreu uma das mais fortes e profundas perdas no período já acumula perde de R$ 32,2 bilhões de patrimônio líquido no ano.
*Foto: Divulgação