Fusão e aquisição bem-sucedida em empresas de pequeno e médio porte (PME)

Fusão e aquisição bem-sucedida em empresas

Fusão e aquisição bem-sucedida em empresas segundo dados do levantamento da ABES, BR Angels, Solstic Advisors, divulgado no final de 2021

Em pesquisa recente divulgada em janeiro deste ano pela KPMG, o número de Fusões e Aquisições (F&A) caiu 12% em 2022, quando comparado a 2021 — o melhor ano da série histórica, tendo sido registrados 1.963 transações.

A queda pode estar relacionada a diversos fatores. Porém, para os que gostam de ver o copo cheio, o número de operações de F&A atingiu consideráveis 1.728 transações, o que convertido em valores. De acordo com a Bain & Company, movimentou US$ 28 bilhões, em linha com o volume de negócios pré-pandemia no Brasil.

Fusão e aquisição bem-sucedida em empresas

Se por um lado os números parecem intimidadores para as pequenas e médias empresas (PMEs), o volume de operações abarcou 43 setores econômicos diferentes e organizações de diversos portes.

Além disso, a fusão e aquisição bem-sucedida em empresas, segundo Henrique de Castro Neves, professor associado da Fundação Dom Cabral, é que na pesquisa realizada ao final de 2021, foram entrevistados 105 executivos de alto escalação em empresas com planos de realização de F&A. e neste caso, ficou evidente que 53% dos que pretendiam desembolsar entre R$ 1 milhão a R$ 15 milhões em F&A 4% sinalizaram interesse em investimentos superiores a R$ 50 milhões.

Contudo, é preciso considerar também que para os próximos 18 a 24 meses, o fato de o cenário internacional estar favorável ao Brasil, afinal, com desconfianças quanto às altas taxas de juros e inflação nos Estados Unidos e Europa, crise na Ásia e guerra entre Rússia e Ucrânia, os investidores estão de olho aqui.

Segundo o Banco Central do Brasil, em 2022 os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 90,6 bilhões, o que corresponde a 4,76% do PIB brasileiro.

Todavia, como a bolsa brasileira é pequena, se comparada às principais economias do mundo, os recursos não vêm apenas para investimento em ações ou ativos financeiros, há reflexo direto no volume de transações de F&A.

Não há roteiro pronto

Por outro lado, vale destacar que não há um roteiro pronto, ou ainda um passo a passo para fazer uma transação de F&A, afinal, tudo dependerá da complexidade da operação e da regulamentação do setor.

Seja para a venda da empresa (parcial ou total), para captação de um sócio ou prestação de contas aos acionistas (mercado ou família), é fundamental que o empreendedor ou controlador do negócio, tenha conhecimento sobre o quanto vale sua companhia. Para isso, existem diversos métodos, sendo os principais:

Fluxo de Caixa Descontado: a lucratividade da empresa em um determinado período (adequado ao negócio) é projetada, acumulada e descontada (trazida a valor presente) usando uma taxa de juros de mercado adequada para se chegar no valor da empresa (Enterprise Value – EV, ou Valuation).

Múltiplos de Mercado: em determinados segmentos a comparação entre as principais empresas se dá por meio de multiplicadores que consideram indicadores de receita (exemplo: Receita Operacional Líquida ou NOI da sigla em inglês) ou de lucratividade (exemplo: EBIT ou EBITDA) para determinar o valor da empresa.

Análise de Ativos: conhecida no mercado como Book Value, neste caso são considerados os ativos tangíveis e intangíveis para determinar o valor da empresa, sem levar em conta receita ou lucratividade.

Análise Comparativa: método considerado pouco técnico e com grande margem de erro, toma como referência transações de F&A em empresas similares para determinar o valor da empresa.

Cinco dicas fundamentais

Se você já estiver envolvido em alguma transação ou mesmo pensando nesta possibilidade, relacionamos cinco dicas, como os principais pontos de atenção antes de partir para a negociação de uma proposta vinculante de F&A.

1 – Esteja bem assessorado

Independente do tamanho da transação, uma operação de F&A bem feita requer um grupo de especialistas (conhecidos como advisors) consideravelmente multidisciplinar (jurídico, financeiro, contábil, etc). Isso não só para garantir que não fiquem pontas soltas, mas também para que a avaliação seja feita de forma técnica. Ou seja, os dois lados da transação devem se cercar de bons profissionais.

2 – Faça uma prospecção

Faça uma análise cuidadosa de seu alvo, independente de estar na posição de comprador ou vendedor. Conhecer bem a outra empresa antes de avançar com a fusão ou aquisição é vital, pois é importante olhar além da situação financeira, avaliando também as equipes, eficiência da operação, reputação junto aos clientes e os principais concorrentes.

3 – Tenha objetivos para a transação

É de extrema importância definir com clareza as motivações de uma transação de F&A e o que se espera após a conclusão (sinergias, mas também o que pode ser um risco ou pontos fracos, para não ser pego de surpresa, como por exemplo, pelo aumento de gastos fixos ou variáveis em função de novos cargos e salários para adequação pós F&A).

4 – Seja flexível

Desde a pandemia, a adoção de ajustes necessários para garantir o fechamento do negócio, como garantias para mitigação dos riscos mapeado, inclui ter ser flexível com o propósito de ajustar eventuais pontos de ruptura da negociação (conhecidos como deal breakers).

5 – Comunique-se com partes interessadas

Por fim, seja transparente sem ferir a confidencialidade necessária para uma operação de F&A, a seus colaboradores, acionistas, clientes e fornecedores. Evitar fofocas e divulgação de informações não oficiais é uma ótima forma de garantir que todos as partes interessadas estejam confortáveis e confiantes no dia após a transação.

*Foto: Reprodução/Pixabay (Gerd Altmann)