Na modalidade home equity você pode perder sua casa em caso de não quitar as parcelas de seu empréstimo
No momento atual o ideal é fugir de empréstimos para equilibrar as finanças pessoais. No entanto, em caso de ter de recorrer a um crédito bancário opte por uma modalidade mais barata. É o caso do home equity. Neste artigo vamos abordar os prós e contras desta opção de crédito.
O que é home equity?
Para quem busca uma opção de crédito mais barato pode oferecer a casa ou um carro como garantia. Esta modalidade é conhecida no mercado como home equity. Atualmente, tanto os bancos como as fintechs já oferecem este tipo de empréstimo com taxas bem mais atrativas do que as tradicionais, e com juros a partir de 0,60% ao mês. Na prática, as linhas de crédito pessoal, as taxas cobradas são de 3,16% ao mês, conforma dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Novidade em solo brasileiro
No entanto, a carteira de home equity no Brasil ainda é uma novidade, com quase R$ 11 bilhões contratados, afirma o Banco Central. Porém, o próprio BC reforça que esta modalidade de empréstimo tem potencial para atingir R$ 500 bilhões nos próximos anos. Em decorrência da Selic baixa, ela acaba sendo a maior incentivadora desse mercado, pois estimula a contratação de linhas de crédito no longo prazo. Portanto, no home equity o consumidor pode quitar o crédito em até 20 anos.
CEF
A Caixa Econômica Federal é a maior detentora desse mercado com 32% de participação. O banco público, no fim de julho, anunciou uma revitalização da linha de crédito de home equity. Batizada de Renda Fácil Caixa, ela possibilita que o cliente escolha pelo modo de atualização do empréstimo, que pode ser tanto pela Referencial (TR), como pelo IPCA (índice de inflação ao consumidor) ou uma tarifa fixa.
Fintechs
No caso das fintechs, a Creditas, por exemplo, cobra juros de 0,75% ao mês e empresta entre R$ 30 mil e R$ 3 milhões, com prazo de até 240 meses para pagamento. Já a Pontte, especializada em crédito, cobra uma taxa de 0,79% a.m e IPCA. A fintech, desde o começo da pandemia, diz que teve um aumento mensal de 22% nesse tipo de empréstimo.
Carro como garantia
Todavia, a modalidade de empréstimo com carro como garantia também cresceu em meio à pandemia. É o caso da fintech de empréstimo pessoal do Santander Brasil, a SIM, o aumento registrado foi de 288% no terceiro trimestre. Nesta modalidade, a SIM cobra taxa de 1,79% ao mês, além da possibilidade de parcelamento em até 60 vezes. Já o limite de crédito é de R$ 50 mil. Porém, o foco da fintech são pessoas físicas, assim como micro e pequenos empreendedores. Sobre o setor PME, Vinícius Aloe, presidente da fintech, afirma:
“Eles têm nos procurado como uma opção realmente para manter seus negócios funcionando, mesmo que a oferta não seja específica para pessoa jurídica.”
Saiba avaliar riscos
Contudo, antes de optar por um empréstimo home equity é recomendado avaliar os riscos. Pois, caso contrário, a pessoa pode perder sua casa ou veículo. Sendo assim, é importante que o consumidor entenda o conceito de alienação fiduciária que existe neste tipo de contrato, revela o professor de macroeconomia da Fipecafi, Silvio Paixão.
A alienação fiduciária é regulamentada pela lei nº 9514/97 e utilizada em modalidades de empréstimo e financiamento no qual uma pessoa solicita um crédito e, para transmitir confiança em relação ao pagamento, transfere o bem para o credor. O bem cedido permanece com o status até que o contrato seja quitado pelo devedor, ressalta Paixão:
“Se houver dificuldade de pagamento haverá a recuperação do bem. Há celeridade na retomada do bem pela instituição financeira.”
Portanto, é essencial que a pessoa avalie a capacidade de pagamento no empréstimo com a casa ou o carro como garantia. Todavia, no caso dos pequenos empreendedores, o risco de inadimplência é maior por ser uma renda mais volátil. A afirmação é do planejador financeiro da Planejar, Carlos Castro. Ele orienta neste caso observar a capacidade de geração de renda do negócio:
“A dívida não pode ser maior do que 30% da receita.”
Troca de dívida mais cara
Em contrapartida, mesmo com riscos, optar pelo home equity é vantajoso quando o consumidor consegue trocar uma dívida mais cara (cheque especial, cartão de crédito) por uma mais barata.
Por exemplo, no cheque especial os juros cobrados são de 150% ao ano, ao passo que no cartão de crédito pode chegar a 300%. Portanto, ao trocar a dívida, o consumidor acaba ganhando fôlego financeiro, pois os juros e a parcela caem.
Por fim, um alerta para os consumidores superendividados. Ou seja, neste caso eles não têm condições de pagar por este tipo de crédito. Para essas pessoas o recomendado é que elas não façam um novo empréstimo. Sendo assim, a orientação do planejador financeiro é que quem se encontra nesta situação venda algum bem para tentar abater uma parcela da dívida.
*Foto: Divulgação