Salário alto dos CEOs: Por que ganham tão mais que os colaboradores?

Salário alto dos CEOs: Por que ganham tão mais que os colaboradores?

Salário alto dos CEOs, além de generosos pacotes de remuneração variável são oferecidos a um pequeno grupo de executivos

Muito se fala na função de CEOs dentro de uma empresa. E isso envolve também os altos salários. Mas será que é justo que um único grupo de executivos ganhe tão mais que os demais funcionários de uma companhia? Veja ao logo deste texto.

Recentemente, um professor emérito da London School of Economics and Political Science, Alexander Pepper, lançou o livreo Se você é tão ético, por que é tão bem pago? (tradução literal de If You’re So Ethical, Why Are You So Highly Paid?) e que aborda de maneira clara a relação entre ética, remuneração executiva e práticas corporativas.

Neste caso, ele discute questões relacionadas à remuneração dos executivos e como essas práticas podem ser contrárias à ética ou não alinhadas com as partes interessadas. Além disso, há a disparidade entre a remuneração dos executivos e a de outros funcionários, configurando os altos salários dos executivos, realmente justificados pelo seu desempenho e responsabilidades. Contudo, será que a remuneração executiva alinhada com ações, bônus e outros meios de remuneração variável leva a resultados justos para a empresa e seus acionistas?

Salário alto dos CEOs

No Brasil, o salário alto dos CEOs engloba ainda generosos pacotes de remuneração variável sendo oferecidos a um pequeno grupo de executivos. Tal cenário levanta questões sobre a proporcionalidade e a justiça dessas práticas em relação ao restante da força de trabalho. Por outro lado, há a percepção de que alguns executivos são recompensados muito além do que seu desempenho ou responsabilidades justificariam. Isso porque geraria grande insatisfação entre os colaboradores.

Justificativas dos altos salários

Em geral, os altos salários oferecidos aos executivos são justificados pela necessidade de conseguir atrair e reter profissionais de alto nível, que sejam capazes de tangibilizar o planejamento de longo prazo das organizações. Já a remuneração variável, muitas vezes vinculada ao desempenho financeiro da empresa, é oferecida como uma forma de alinhar os interesses dos executivos aos dos acionistas.

Por sua vez, a disparidade entre a remuneração dos executivos e de outros colaboradores pode afetar a moral da equipe e gerar mais insatisfação ainda.

Ética

Sendo assim, o recomendável é ter mais práticas equitativas e éticas para a remuneração executiva.

Algumas das principais iniciativas destacadas no livro, estão:

  • Transparência Salarial: É preciso ter transparência nos processos de definição de salários executivos. A divulgação de informações ajuda a construir confiança e responsabilização dentro da organização;
  • Equidade Salarial: As empresas devem solucionar a disparidade entre os salários dos executivos e os de outros colaboradores. É preciso considerar a contribuição de todos os níveis de funcionários para o sucesso da organização;
  • Participação nos Resultados: As empresas devem adotar práticas de participação nos resultados para todos os funcionários, não apenas para executivos;
  • Avaliação Rigorosa de Desempenho: Este método é crucial para garantir que a remuneração dos executivos esteja alinhada com o desempenho individual e os resultados da empresa;
  • Remuneração de Longo Prazo: A remuneração variável dos executivos deve ser alinhada com objetivos de longo prazo, em vez de focar apenas em resultados de curto prazo. Isso pode incluir o uso de ações ou opções de ações com períodos de aquisição mais longos;
  • Compromisso com Responsabilidade Social: Empresas devem incorporar princípios de responsabilidade social nas práticas de remuneração executiva, incluindo metas relacionadas a questões ambientais, sociais e de governança (ESG);
  • Governança de Remuneração: Tem de haver uma governança sólida nas decisões de remuneração executiva. Conselhos de administração independentes e comitês de remuneração podem ajudar a garantir que as práticas sejam justas e alinhadas com os interesses da empresa e dos acionistas.

Por fim, é preciso começar a discutir temas como a disparidade salarial entre lideranças e equipes, além de nos atentar sobre potenciais implicações da pouca paciência dos executivos em aguardar pela premiação de longo prazo, e à dificuldade das empresas em tratar a avaliação de desempenho destes profissionais com mais assertividade e menos viés.

*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-de-pessoas-trabalhando-no-plano-de-negocios-em-um-escritorio_5495114.htm#fromView=search&page=1&position=27&uuid=12d2aaa4-4c98-4893-83de-6a82e62d4f7a