Trabalho híbrido diz respeito também às empresas determinarem regras claras, uma vez que pode haver risco de favorecer alguns profissionais
A pandemia de covid-19 tornou o trabalho híbrido uma realidade para a maioria das empresas no Brasil e também ao redor do mundo. Mas com este sistema de atuação, onde se mistura o home office ao trabalho presencial, como ficam as promoções? Confira a seguir algumas de como dar um salto na carreira, mesmo neste esquema diferente de trabalho.
Trabalho híbrido gerando promoções
De acordo com um estudo do Slack, com mais de 10 mil trabalhadores, ficou evidente que a proximidade física tende a criar vieses nos gestores. Mas, eles podem acabar favorecendo quem está por perto e visível. Portanto, este viés de proximidade pode levar à desigualdade no local de trabalho, aumentando a desvantagem de grupos já marginalizados.
Segundo Sylvia Hartmann, especialista em carreira e modelos flexíveis de trabalho:
“Quando a ida ao escritório se torna um critério de desempenho, homens solteiros, por exemplo, podem acabar se destacando de mulheres com filhos, que precisam dedicar mais tempo ao trabalho doméstico e acabam optando por trabalhar de casa.”
Política mais estruturada
Sendo assim, é necessário ter uma política de trabalho híbrido bem estruturada. Com isso, é possível evitar que esse e outros problemas, como dificuldades de comunicação, surjam com a adoção do modelo.
Um exemplo deste modelo de trabalho é o da empresa Alphaville Arquitetura, focada na construção civil de São Paulo. Para ocorrer promoções justas em um sistema híbrido de trabalho, a companhia adotou em primeiro lugar entender a opinião de seu quadro de funcionários, identificando suas preferências e expectativas do trabalho híbrido. Henrique Matsuo, superintendente de gente e gestão da empresa, afirma que eles conseguiram entender qual era o modelo de preferência e de como as pessoas estavam se sentindo.
Criando a política
O modelo adotado pela Alphaville possibilita que os dias de trabalho presencial sejam acordados pelos gestores e equipes. E cada líder pode olhar para as prioridades do seu departamento e escolher a opção que melhor se encaixa na sua realidade. Porém, a única obrigatoriedade é que sejam três dias de trabalho no escritório por semana. Além disso, os dias da semana em que toda a equipe deve comparecer presencialmente são pré-determinados pela empresa. E também é a recomendação de Sylvia. A estratégia evita que alguns colaboradores tenham mais vivência de escritório do que outros e ajuda a concentrar em datas específicas tarefas que requerem a presença de todos da equipe, como reuniões de departamento e estratégia.
Confira outras dicas
- Definir um acordo comum: a especialista diz que os dias de presença no escritório devem valer para todos, inclusive para equipes onde alguns dos profissionais estão alocados em estados diferentes. Ela revela que nesses casos deve-se estipular reuniões periódicas, como uma vez por mês, onde todos se encontram no escritório;
- Uso da tecnologia: investir em equipamentos de captação de áudio e vídeo para as salas de conferência pode ser importante para muitas equipes. O recurso permite a realização de reuniões entre profissionais que estão no escritório e aqueles que em casa;
- Criar métricas de desempenho: aqui é necessário garantir que tanto o desempenho apresentado no escritório, quanto a performance no home office possam ser avaliados pelos gestores. Avaliações de desempenho baseadas em resultados são um modo de fazer isso, eliminando os vieses do ambiente.
*Foto: Unsplash
