Bancos ampliam crédito a pequenos empresários

bancos ampliam crédito a pequenos empresários

Além dos bancos, governos também expandem linha de crédito a pequenos empresários para enfrentarem melhor a crise do coronavírus

Em decorrência da paralisação econômica pelo novo coronavírus, em torno de 90% dos pequenos empresários sofreram com queda no faturamento nas últimas semanas, com perda média de 75%, de acordo com pesquisa divulgada pelo Sebrae.

O atual momento é que estas pequenas empresas consigam ter um caixa para sobreviverem até as atividades normalizarem.

Crédito a pequenos empresários

O governo tem procurado expandir a oferta de crédito para capital de giro. É o caso do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que ampliou em R$ 5 bilhões a oferta de empréstimo da linha BNDES Crédito Pequenas Empresas, com limite de financiamento de até R$ 70 milhões por ano. A linha também possibilita até 24 meses de carência com cinco anos de prazo para pagamento e deve ser contratada pelas instituições parceiras.

Já o programa Proger Urbano Capital de Giro é comandado por bancos públicos, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia. Por ele, os pequenos empresários podem financiar até R$ 500 mil e com no máximo 12 meses de carência e prazo total de 48 meses para quitação.

Além disso, também há um crédito para pagamento de folha salarial, voltada a empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões. E é possível financiar até dois salários mínimos (R$ 2.090) por trabalhador, com carência de 180 dias e prazo total de pagamento de 36 meses.

Empregado não pode ser demitido por dois meses

Entretanto, o funcionário não pode ser demitido durante dois meses. Com isso, o empresário interessado nesta opção deve procurar seu banco. As instituições BB, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander já estão ofertando essa alternativa de crédito a pequenos empresários.

Por outro lado, muitos empreendedores estão receosos em realizar esta opção, segundo o consultor do Sebrae-SP, Felipe Chiconato, que afirmou à Folha:

“Como a linha atinge apenas a folha de pagamento, não resolve todo o problema e ainda obriga o empresário a ficar com o funcionário durante esse período.”

Com isso, o Banco do Povo, situado no estado de São Paulo, criou uma linha de microcrédito, com taxa de juros de 0,35% ao mês. Ela opera com valores de R$ 200 a R$ 20 mil, carência de até 90 dias e prazo de quitação de até 36 meses. E para empréstimos sem avalista, o limite de concessão foi expandido de R$ 1.000 para R$ 3.000.

Banco central

O Banco Central vem adotando outras medidas para reduzir os riscos e facilitar o crédito a pequenos empresários. Uma delas é a ampliação em R$ 500 milhões do patrimônio do Fampe (Fundo de Aval da Micro e Pequena Empresa), gerido pelo Sebrae.

O fundo, que não empresta direto às empresas, funciona como complemento da garantia ofertada por elas juntos aos bancos, com até 80% do valor do financiamento. O empresário deve conversar com seu banco, neste caso e, segundo o Sebrae, uma linha de crédito com dinheiro do fundo está sendo negociada com a Caixa.

O governo também estuda a possibilidade de revogar a exigência da CND (certidão negativa de débito, prova de que a empresa está em dia com a Receita Federal) para contratação e renegociação de empréstimos. A firmação é da secretária-adjunta de Desenvolvimento Econômico da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia, Antonia Martins, em entrevista é Fecomercio-SP, no dia 8 de abril.

Segundo ela, o governo também estuda a criação de uma linha microempresas, usando como garantia os recebíveis das maquininhas de cartão (valor das vendas feitas nos aparelhos).

Quem já utiliza este recurso é o banco Santander, que lançou um crédito com 90 dias de carência e 24 meses de prazo para clientes que usam as máquinas Getnet. O diretor da instituição, Cassio Schmitt, afirma que a quantia pode chegar a até três vezes a média do faturamento nos últimos três meses.

Por outro lado, o BB e a Caixa têm optado pela antecipação de recebíveis de vendas feitas por cartão. Já o Itaú e a Rede fizeram parceria com o iFood na intenção de antecipar de 30 para sete dias o prazo de recebimento do dinheiro das vendas realizadas pelo aplicativo entre março e maio.

Postergação de vencimentos a pequenas empresas

Outro método de aliviar o caixa das companhias foi postergar vencimentos de dívidas por 60 dias, sem alteração da taxa de juros contratada, para micro e pequenas empresas.

Fica a critério de cada banco definir quais produtos terão benefícios e as condições de pagamento. O Santander vai empurrar automaticamente os vencimentos de parcelas das suas principais linhas para pequenas e médias empresas.

Já nos demais bancos, é necessário pedir o adiamento. De acordo com a Febraban (a federação dos bancos), mais de dois milhões de pedidos de renegociação e carência foram processados entre 16 de março (data da medida anunciada) e 3 de abril, totalizando mais de R$ 130 bilhões.

Fonte: Folha de S. Paulo

*Foto: Divulgação