PIB mais baixo em 2022: economistas reduzem projeção e não devem parar

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PIB mais baixo em 2022 tem a ver com o avanço da vacinação e a expectativa de reaberturas seguras

Nesta semana, economistas afirmaram que há chance de um PIB mais baixo em 2022. O motivo para a projeção abaixar é por conta do avanço da vacinação e a expectativa de reaberturas seguras (mesmo que ainda é grave o estado de pandemia de Covid-19). Apesar de tudo isso, a economia brasileira poderá iniciar, finalmente, sua volta aos eixos neste segundo semestre e ainda no ano que vem.

PIB mais baixo em 2022

Entretanto, precisa ficar claro que os economistas não enxergam um “cenário cor de rosa”. De acordo com algumas consultorias e bancos, pode haver mais reduções das prejeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 2022. Atualmente, esta previsão é para baixo, muito abaixo, dos 2%.

Mas vale lembrar que no início de junho esta projeção era de um crescimento de até 5,5% em 2021 por causa do PIB do primeiro trimestre.

Aposta negativa no Brasil

Em contrapartida, no Brasil, a aposta negativa mais recente veio da consultoria MB Associados na sexta-feira (13). Ela é responsável por uma das projeções mais baixas do mercado.

Além disso, a perspectiva de crescimento do PIB em 2022 saiu de 1,8% (patamar perto de onde estão outros bancos no momento) para 1,4% em novo relatório. Em suma, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, indica que uma alta de 1,4% significa uma volta ao momento pós-recessão de 2016, o que considera um “padrão medíocre”. E concluiu que sairemos da pandemua com a “economia bastante desorganizada”.

Bancos

O banco Itaú também diminuiu nesta semana a projeção de crescimento para o ano que vem de 2% para 1,5%. Já o Credit Suisse que acreditava numa alta, voltou atrás na segunda-feira (9) e previu uma queda de 2,5% para 2%.

Antes dos estragos provocados pela segunda onda do coronavírus, especialmente pelo colapso em Manaus e propagação de variantes do vírus, analistas chegaram a projetar alta de 2,5% e até de mais de 3% para o PIB de 2022. Porém, isso não aconteceu.

Boletim Focus

O Boletim Focus ouviu mais de 70 analistas, e divulgou uma alta de 2,05% no PIB de 2022 e 5,3% neste ano.

Já o motivador das revisões para baixo no crescimento é a combinação entre as crises política e econômica que assolam o país, mesmo que tenha uma melhora do cenário pandêmico.

Para Vale, a única boa notícia fica na frente de exportações (alta de 4%), mas não suficiente para compensar os demais setores.

Outros motivos

Existe a pressão fiscal nas despesas do governo, que deve continuar crescendo com a chance de Jair Bolsonaro se reeleger, passando alto desemprego e inflação sem dar um respiro. Tudo isso prejudica o consumo.

Por outro lado, a inflação e risco fiscal também fizeram o Banco Central entrar uma constante de aumento de juros, sem falar do dólar que se mantém em altos patamares.

Apesar da reabertura econômica, a taxa de desemprego ainda é recorde, na casa dos 15%, com mais de 14 milhões de desempregados. Nas palavras de Vale: “é um ciclo vicioso”.

Selic aos 7%

Com todos esses fatores acima, a curva de juros futuros tem subido sem parar nas últimas semanas no país. Isso revela que investidores já apostam que novas altas da taxa de juros são inevitáveis.

Sendo assim, a Selic abaixo dos 5% pode ter ficado de vez para trás. A taxa que começou 2021 em 2% já sofreu quatro aumentos neste ano e está em 5,25% atualmente. Só em fevereiro, a taxa já era de 3,75%.

Diante deste cenário, dão como cada vez mais certo que a Selic feche o ano a 7%, o que era quase impensável em janeiro. Porém, os analistas explicam que o simples aumento dos juros não consiste em um controle efetivo da inflação.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, os choques que levaram à elevação do preço são de oferta. Mas diz que subir a taxa de juros atuaria na frente da demanda, ou seja, só isso não resolve o problema. Perfeito disse ainda que o BC não tem outra alternativa, apenas “compra mais tempo na esperança de que as coisas se acalmem no plano inflacionário”.

Por fim, o panorama de expectativas baixas deve seguir piorando à medida que o Brasil se aproxima das eleições de 2022. Para Vale:

“Eu não me surpreenderia com novos cortes na projeção de crescimento até lá.”

*Foto: Divulgação