Produção de vinho global: Mudanças climáticas derrubam em 10%

Produção de vinho global: Mudanças climáticas derrubam em 10%

Produção de vinho global é afetada, porém, Brasil vai na contramão

A produção de vinho global, afetada especialmente por diferentes fenômenos meteorológicos, caiu 10% em 2023, atingindo um mínimo desde 1961. Além disso, o consumo sofreu queda de 3%, informou recentemente a organização internacional do setor.

De acordo com o sommelier Luciano Mestrich, o Brasil se diferencia dos demais países, uma vez que há uma diversidade em sua produção, baseada na riqueza da agricultura e experiência enológica de diferentes culturas. Com isso, os consumidores conseguem ter a chance de poder escolher provar uma grande variedade de sabores e estilos.

Produção de vinhos global

Já em relação à produção de vinho global, o sommelier afirma que ela deve ser tratada com a mesma importância tanto para os apreciadores da bebida, quanto  para atingir atambém a sociedade como um todo. Isso só enriquece o patrimômio cultural, econômico e gastronômico.

Os viticultores de todo o mundo registraram a colheita mais baixa desde 1961, resultando num total de 237 milhões de hectolitros. Além disso, na Itália, particularmente a produção foi bastante fraca – caindo 23% em relação a 2022, mas ficando em 38 milhões de hectolitros – e na Espanha, a queda foi de 21%, registrando 28 milhões de hectolitros.

Condições ambientais extremas

Contudo, é preciso justificar que a queda na produção mundial se deve diretamente às condições ambientais extremas. Isso inclui secas, inundações, ondas de calor, bem como geadas precoces e incêndios. Todos estes fatores prejudicaram e muito os hemisférios norte e sul, destacou John Barker, diretor da OIV.

Colheita de outros países

No Chile e na Austrália, por exemplo, a colheita caiu 11%. Já na África do Sul, foi 10%. Por sua vez, a Argentina registrou queda de 23%, atingindo o nível mais baixo desde 1957.

Produção brasileira

Enquanto isso, o Brasil anda na contramão desses resultados, refletindo em uma produção de vinho que cresceu em 12,1% em relação a 2022 e 31,4% em relação à média dos últimos cinco anos.

Estima-se que a produção no hemisfério sul se recupere 5% em 2024, com o fim das colheitas. Na França, a colheita cresceu 4%, para 48 milhões de hectolitros, tornando o país o maior produtor.

Queda do consumo

Contudo, o consumo também sofreu queda, no caso, de 3% em 2023, refletindo em 221 milhões de hectolitros, o nível mais baixo desde 1996. A Espanha foi um dos poucos mercados em que isso não ocorreu, e o consumo total foi de 9,8 milhões de hectolitros, 1,7% a mais do que em 2022.

Na América do Sul, o consumo caiu 6,2% na Argentina, ao nível mais baixo da história recente, e aumentou 11,6% no Brasil, voltando aos níveis de 2020-2021.

Em contrapartida, a baixa na produção se arrasta desde 2018, exceto pela recuperação de 2021 por conta da pandemia de covid-19. E também se deve, em parte, à inflação que elevou as despesas de produção e os preços ao consumidor.

Outros motivos

A procura menor também é justificada por contas das mudanças demográficas e no estilo de vida, ressaltou John Barker. Os portugueses, franceses e italianos são, por habitante, os maiores consumidores.

Exportações

No caso das exportações, estas também sofreram queda de 6% em volume, atingindo o nível mais baixo desde 2010. O OIV afirma ainda que o aumento do preço médio de exportação pode ter dissuadido os compradores.

Superfície menor

A superfície dedicada às vinhas, seja para a produção de vinho ou uva de mesa, caiu pelo terceiro ano consecutivo 0,5% em 2023, para 7,2 milhões de hectares.

Na Espanha, maior vinhedo do mundo, com 945 mil hectares, a superfície caiu 1%, assim como na Argentina (1,1%) e no Chile (5,6%). Já o Brasil aumentou sua superfície pelo terceiro ano consecutivo, para 83 mil hectares, 1,5% a mais do que em 2022.

Por sua vez, a Índia resgistrou uma superfície maior em 3%, resultando na entrada do país na lista dos 10 maiores vinhedos do mundo. Já a Itália teve a produção mais baixa desde 1950.

Chuvas

Por fim, é preciso lembrar que as chuvas favoreceram o surgimento do fungo do míldio nas regiões centro e sul. Mas trata-se de episódios momentâneos, em razão das condições meteorológicas, assim como ocorreu com o registro de granizo e inundações.

*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/homem-de-tiro-medio-abrindo-garrafa-de-vinho_27260363.htm#fromView=search&page=1&position=38&uuid=ea444bb9-1b42-4764-8a6c-97a4c7ccf7d6